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Politica MT
Segunda - 30 de Junho de 2025 às 10:27
Por: Marcos Lemos/Diário de Cuiabá

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Christiano Antonucci/Secom-MT
O governador Mauro Mendes, que, no momento, é pré-candidato a uma vaga no Senado
O governador Mauro Mendes, que, no momento, é pré-candidato a uma vaga no Senado

Na busca pela retomada do controle dos entendimentos diretamente com os deputados estaduais, o governador Mauro Mendes (União) dedicou toda o dia de quarta-feira (25), para se reunir com as bancadas do Legislativo Estadual.

O encontro foi sem intermediários, pois o Executivo estava em rota de colisão com a Assembleia. Tanto que se contornou a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as operações em empréstimos consignados para servidores do Poder Executivo, além de outras medidas, como anulação da Auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE) e das investigações da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor/MT) da Operação Suserano, que apura suposto desvio de recursos de R$ 10.248 milhões para aquisição de kits agrícolas pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar.


Pela manhã, Mauro Mendes e os deputados estaduais estiveram reunidos no Palácio Paiaguás, o que assegurou, no fim da manhã, uma sessão ordinária da Assembleia sem atropelos. À noite, na residência do governador, em um jantar à base de vinho e churrasco.

O jantar serviu para que o Mauro fizesse o mea culpa pela crise gerada por tratamento diferenciado entre os deputados estaduais e por terem alijado da base a deputada Janaina Riva (MDB) - que não esteve no ágape -, além de evitar que, no dia seguinte, o controlador-geral do Estado, Paulo Farias, convocado pelos deputados para prestar esclarecimentos sobre o relatório que levou a deflagração da Operação Suserano, fosse defenestrado da função de secretário-chefe da CGE.

Mauro Mendes e Otaviano Pivetta

Mauro Mendes e Otaviano Pivetta: governador já declarou publicamente seu apoio ao vice

Só que, além de evitar o confronto com seus principais e necessários aliados, o governador externou poderia repensar seu futuro político e concluir seu segundo mandato. Portanto, não disputaria eleições de 2026, deixando os aliados tranquilos, pois continuariam contando com seu apoio, independentemente de ele disputar ou não as eleições.

Aliás, faz meses que o governador de Mato Grosso flerta com aliados e possíveis aliados (Partido Liberal), sempre deixando uma lacuna aberta quanto ao seu futuro político; Primeiro, para não ser pressionado, já que, no atual cenário político, ele é favorito a uma das duas vagas de senador da República que estarão em disputa, pois, em 2027, se encerram os mandatos de oito anos dos senadores Jayme Campos (UB) e Carlos Fávaro (PSD), atual ministro da Agricultura do Governo Lula (PT).

Só que Jayme Campos é candidato natural e no mesmo partido de Mauro Mendes. Ambos sabem que não cabem duas candidaturas na mesma chapa, a não ser que um seja para o Governo do Estado e outro para o Senado.

Outro incÔmodo em relação a qualquer decisão a ser tomada no futuro por Mauro deve levar em consideração seu compromisso pessoal, particular e não partidário em apoiar a eventual candidatura do vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), desde 2018.

O próprio chefe do Executivo reconheceu, por diversas vezes, o quanto foi fundamental foi o apoio do seu vice para consolidar sua primeira vitória em 2018. E, para poucos que vivenciaram internamente a disputa pela reeleição em 2022, o clima de tensão vivenciado a época, enquanto Mauro Mendes não se decidia pela nova disputa e, até mesmo, quando se conjecturou lançar Pivetta na disputa à única vaga para o Senado e que, mais tarde, acabou caindo nas mãos do senador Wellington Fagundes (PL), que disputou sua reeleição em 2022, com Mauro Mendes encabeçando a chapa majoritária.

O outro motivo que está fazendo com que Mauro Mendes acompanhe de perto sua sucessão, tendo ele decidido ou não disputar, é que ele não quer esvaziar seu próprio mandato, pois sabe bem que errou ao antecipar as discussões para sua sucessão.

Se for candidato, tem apenas 9 meses de mandato ou 275 dias, mas só 189 dias úteis, o que faz muita diferença no Poder Público, já que, pela legislação eleitoral em vigor, presidente e vice, governadores e vice, prefeitos e vice, que desejam disputar outro cargo nas eleições de 2026, devem deixar suas funções 180 dias antes da disputa. Ou seja, 6 meses, o que remete para o dia 4 de abril de 2026, se contabilizarmos que as eleições em primeiro turno acontecem dia no 4 de outubro. Mas, como é necessário registrar na Justiça Eleitoral a desincompatibilização, o melhor a fazer é ter como prazo final o dia 30 de março.

Em tempo: as eleições acontecem em primeiro turno no primeiro domingo de outubro e, quando houver segundo turno, no último domingo do mês em curso, lembrando ainda que, em Mato Grosso, segundo turno só ocorreu para presidente e vice e para prefeito e vice de Cuiabá.

Nunca um candidato favorito ao Governo do Estado enfrentou o segundo turno, desde que foram instituídas as eleições em dois turnos para que o eleito tivesse a representatividade de mais de 50% daqueles que compareceram as urnas eleitorais para votarem.

Essa não seria a primeira vez que Mauro Mendes recuaria de uma disputa em que o cenário lhe é favorável.

Em 2016, quando completou quatro anos de seu então primeiro e único mandato eletivo a época, como prefeito de Cuiabá e quando tudo demonstrava ser totalmente favorável a sua reeleição, Mauro Mendes, então no PSB, deixou seu grupo político com as mãos abanando. Tanto é que quem acabou eleito seu sucessor, hoje é um dos seus maiores adversário político: Emanuel Pinheiro (MDB), que sequer, em 2016, tinha o nome sondado como eventual postulante ao Palácio Alencastro.

No contexto do possível cenário de 2026, a confortável situação eleitoral do atual chefe do Poder Executivo contrasta com a história de Mato Grosso, pois, em cenário semelhante, em 2002, o então governador Dante de Oliveira (PSDB), o primeiro da era moderna a ser reeleito após instituída essa possibilidade, viveu momentos parecidos como os de agora.

Dante tinha uma aprovação de Governo que saltava aos olhos dos então adversários. E contando com essa situação, se desincompatibilizou na certeza de que venceria as eleições para uma das duas vagas de senador.

No final, foram eleitos Jonas Pinheiro (PFL) e Serys Slhessarenko (PT) para as duas vagas de senador, com Blairo Maggi (PR) sendo eleito governador do Estado em primeiro turno, após disputar contra o então senador Antero Paes de Barros (PSDB).

Este fantasma eleitoral, pelo visto, ronda o "núcleo duro" do Palácio Paiaguás e especialmente o governador Mauro Mendes, pois, nos últimos meses, ele conseguiu fragmentar o apoio partidário que lhe fez governador por dois mandatos, com discussões e crises geradas justamente dentro do Poder Legislativo, com a deputada Janaina Riva (MDB), que já aparece nas pesquisas eleitorais - para o Senado e o Governo em 2026 - em posição privilegiada.

Cada um dos 27 Estados tem três vagas de senador, mas com eleições a cada quatro anos, só que alternadamente, ou seja, em 2022, estava em disputa uma única vaga, conquistada por Wellington Fagundes (PL) então reeleito e que, agora, na metade do seu segundo mandato em 2026, quer disputar a sucessão de Mauro Mendes.

Reprodução

Fávaro e Jayme

O ministro Carlos Fávaro recebe o senador Jayme Campos em churrasco, na sede do PSD, em Cuiabá: aliança em vista

Jayme Campos e Selma Arruda foram eleitos em 2018 para um mandato de oito anos, que vence em 2027. Só que, em 2019, ainda no primeiro ano após assumnirem, Selma Arruda, que antes de se aventurar na carreira político-eleitoral, era juiza de Direito e se intitulava "justiceira", foi cassada pela Justiça Eleitoral, por crime eleitoral.

Junto com as eleições municipais de 2020, os eleitores de Mato Grosso participaram de uma eleição suplementar para eleger seu novo senador e o terceiro mais votado em 2018, Carlos Fávaro (PSD), conquistou o mandato que também se encerra em 2027. Hoje, é pré-candidato à reeleição com o apoio de Lula.

Toda essa situação deixa a disputa eleitoral instável, ainda mais para cargos majoritários, pois se tem muito candidato para poucas vagas.

Além do próprio Mauro Mendes (UB) ,que pode ou não ser candidato, tem Jayme Campos e Otaviano Pivetta no mesmo grupo político para as disputas pelo Governo e pelas duas vagas do Senado, restando a vice-governadoria e dois suplentes por candidato a senador.

Sem contar todo essa polêmica eleitoral,, Mauro Mendes também flerta com o PL de Jair Bolsonaro, de olho nos resultados eleitorais de 2022 e 2024, pois, mesmo com a derrota do então presidente, o primeiro da história moderna a não ser reeleito disputando as eleições de 2022, no cargo, mas que acabou obtendo expressiva votação em Mato Grosso e estados ligados ao agronegócio.

Em 2024, nas eleições municipais, as três principais cidades de Mato Grosso - Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis - com maior eleitorado optaram por candidatos ligados ao PL ou extrema-direita e derrotaram os candidatos de centro-direita, justamente os apoiados pelo governador (mesmo que forçadamente) e pelo senador Jayme Campos.

Toda essa situação, somado ao fato do PL aceitar compor com o União Brasil, com quem caminhou em 2022, desde que indicando Wellington Fagundes para governador e José Medeiros para senador, é que ampliam as chances de Mauro Mendes não conseguir montar uma composição que contemple a todos, sem uma ruptura.

Sendo candidato a senador na chapa com Wellington e Medeiros, o governador coloca para fora do grupo político doo União Brasil (ou União Progressista, se sair a federação entre UB e PP) o senador Jayme e o vice Pivetta.

Se ficar no grupo e apoiar a candidatura de Pivetta - que, disputando o Governo do Estado no mandato de governador tem maiores chances de vitória, ao contrário de disputar apenas como candidato - Mauro Mendes precisará também de um exercicio de matemática e político gigantesco, pois, em sendo candidato ao Senado, automaticamente, coloca Jayme como candidato a governador e Pivetta fica de fora.

Outro exercício é que o Republicanos, partido de Pivetta, esta em tratativa para se federalizar com o MDB de Janaina Riva, que se tornou, nos últimos meses, adversária política do atual governador, pois tem chances de ficar com a vaga que tanto Mauro Mendes sonha.

Como sempre repete o senador Jayme Campos, ainda é cedo para se discutir a sucessão de 2026. Mas não é cedo para se construir pontes, sob pena de o grupo que venceu as eleições de 2018, 2020, 2022 e 2024 não conseguir repetir seu desempenho e ser superado por novos nomes, como os que venceram as eleições em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, mesmo que contando com o apoio às escondidas de parte do Governo do Estado para os atuais gestores municipais.





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