Ciúme e machismo respondem por 38,8% dos feminicídios Desde o início deste ano, 36 mulheres foram vítimas de feminicídio no Estado
Em Mato Grosso, a violência doméstica não para de produzir números preocupantes. Desde o início deste ano, 36 mulheres foram vítimas de feminicídio no Estado. Do total, 14 desses crimes (38,8%) tiveram como motivação o ciúme, sentimento de posse ou o machismo, conforme levantamento do Observatório Caliandra, do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT).
Os dados apontam ainda que nove (25%) feminicídios foram motivados por menosprezo ou discriminação à condição de mulher; sete (19,4%) por separação do casal ou tentativa de rompimento; quatro (11%) por discussão; um por questões financeiras e outro não identificado. A maioria das vítimas (27) com idades entre 25 e 54 anos.
Para a deputada estadual Janaína Riva (MDB), trata-se de uma “verdadeira epidemia de matança de mulheres”. “Mato Grosso foi campeão em feminicídios em 2024 e agora vai repetir essa tragédia. Que vergonha para o Estado mais rico do país carregar o título de lugar que mais mata mulheres e crianças”, disse a parlamentar durante o evento “Agosto Lilás”, ocorrido nessa sexta-feira (29), na Câmara Municipal de Várzea Grande.
Em tom de indignação, Janaína Riva também criticou a falta prioridade no sistema de segurança pública. Segundo a parlamentar, o orçamento de R$ 500 mil destinado em 2024 para o enfrentamento da violência sequer foi utilizado. “Esse dinheiro foi devolvido para outras despesas. Isso é um tapa na cara de todas nós mulheres. Um Estado que lidera os índices de feminicídio não pode ser tratado com descaso”, pontuou.
A deputada destacou que, além das mortes, o feminicídio deixa marcas profundas em famílias. “Ontem foram mais duas crianças órfãs. Mato Grosso já soma quase 60 órfãos só neste ano. O pai vai preso, mas quem paga a conta é a criança que perde a mãe e a família inteira se desfaz”, afirmou.
Janaína Riva se referente ao assassinato da servidora pública Maquiane de Brito Arruda, 28 anos, morta a facadas pelo ex-marido, na noite da última quinta-feira (28), em Novo Santo Antônio (1.063 km a Nordeste de Cuiabá). Informações apontam que o suspeito, Calil Moreira Nunes, 28, não aceitava o fim do relacionamento.
MEDIDAS PROTETIVAS - Conforme as estatísticas do Observatório Caliandra, dos 36 feminicídios, somente cinco das vítimas contavam com medida protetiva de urgência. Em 2024, foram 47 mulheres mortas por questões de gênero, sendo que apenas uma delas contava com medida protetiva.
Dados como estes mostram que o número de feminicídios entre aquelas que contam com a proteção é baixo e reforça a importância desse instrumento legal como ferramenta na prevenção da violência doméstica e, principalmente, o assassinato de mulheres.
Prevista na Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006), a medida protetiva de urgência visa proteger as mulheres em situação de violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial, assegurando que todas tenham direito a uma vida sem violência, com a preservação de sua saúde física e mental.
O pedido pode ser feito diretamente na delegacia, no momento do registro do boletim de ocorrência. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Mato Grosso registrou, no ano passado, um aumento de 0,5% nos casos de feminicídio em relação a 2023, mantendo a liderança nacional com a maior taxa do país: 2,5 assassinatos a cada 100 mil mulheres.

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