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Politica MT
Terça - 30 de Setembro de 2025 às 06:12
Por: Marcos Lemos/Diário de Cuiabá

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Christiano Antonucci/Secom-MT
O governador Mauro Mendes, que virou alvo de críticas e é acusado e não priorizar o combate à violência contra a mulher em Mato Grosso
O governador Mauro Mendes, que virou alvo de críticas e é acusado e não priorizar o combate à violência contra a mulher em Mato Grosso

O governador Mauro Mendes (União Brasil) foi duramente criticado por afirmar que o Estado de Mato Grosso não tem condições financeiras para implantar delegacias da Polícia Judiciária Civil, em Mato Grosso, para combater a violência contra mulheres, em regime de funcionamento de 24 horas.

Ele alegou que a medida, se implementada, representaria "mais de 700 delegados", o que resultaria em "um ônus insustentável" aos cofres do Estado.

Mauro Mendes foi infeliz ao declarar que não seria "doloroso " às vítimas de violência saírem de Várzea Grande e para Cuiabá para serem atendidas, pois existem delegacias de Polícia 24 horas.

Sua fala provocou uma avalanche de críticas, desde a deputada estadual Janaina Riva (MDB), passando pela médica (e possível candidata pelo PSD) Natasha Slhessarenko, até o ex-prefeito de Cuiabá e maior adversário político do governador, Emanuel Pinheiro (PSD).

Mato Grosso registrou, pelo segundo ano consecutivo, a maior taxa proporcional de feminicídios do país, em 2024, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

No ano passado, 47 mulheres foram assassinadas por motivação de gênero, o que representa uma taxa de 2,5 casos por 100 mil habitantes, a maior do Brasil.

Segundo o Observatório Caliandra, do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), que depende de atualização por parte da Polícia Judiciária Civil para obter 100% dos registros de casos de feminicídios, de janeiro até agora, foram 40 casos em Mato Grosso. O que sinaliza para a real possibilidade, nos próximos três meses, de os índices do ano passado serem superados. E, pelo terceiro ano consecutivo, o Estado liderar, proporcionalmente, os casos de feminicídios.

Chama a atenção, ainda, nos dados do MP, que, dos 40 feminicídios até agora registrados em 2025, apenas cinco estavam com medidas protetivas.

É um número baixo, mas que, por outro lado, demonstra a ineficiência do aparato jurídico-policial, pois, mesmo com ordem judicial, ainda há mulheres sendo vítimas em suas próprias casas ou de pessoas com quem conviveram.

"É doloroso para mim não ter segurança em poder andar nas ruas, em paz, aqui no nosso Estado. Doloroso para mim é a mulher que foi violentada, que foi agredida, não encontrar uma delegacia 24 horas na segunda maior cidade do Estado, que é Várzea Grande", disse Natasha Slhessarenko.

Ela observou que Mato Grosso é campeão em mortes de mulheres no Brasil, e também em violência contra as crianças.

"Onde está o Estado que é tolerância zero para o crime? Essa fala desrespeita as mulheres, desrespeita Várzea Grande", completou a médica, que é filha da ex-senadora Serys Slhessarenko e que já ensaiou entrar na vida pública.

Para a deputada Janaina Riva, o problema está na falta de prioridade, pois "quem investe mais de R$ 2 bilhões no Parque Novo Mato Grosso se nega a investir em estrutura, em pessoal para a Segurança Pública".

"O Estado mais rico do Brasil é um Estado que tem dinheiro para construir um parque de 2 bilhões de reais, mas, para construir uma Delegacia 24 Horas, é muito caro. No Estado que mais mata mulheres no Brasil, proporcionalmente, o chefe do Poder Executivo, aquele que deveria nos proteger, frisa não ser doloroso atravessar uma ponte entre Várzea Grande e Cuiabá", disse a presidente regional do MDB.

"Não é doloroso apanhar, não é doloroso sangrar, não é doloroso ser estuprada, até porque a proteção da mulher não é prioridade para o Governo do Estado", acrescentou a parlamentar.

Ela cobrou os colegas na Assembleia para que insiram, na Lei Orçamentária Anual (LOA/2026), recursos para se implantar Delegacias das Mulheres 24 horas em várias cidades de Mato Grosso, pois a violência é galopante em Mato Grosso.

A parlamentar voltou a lembrar que os recursos consumidos com, autódromos, shows, parques, eventos, festas, roda gigante, dariam para atender as demandas de todo o Mato Grosso. E questionou: "O que vale mais: a vida de uma mulher ou a diversão de alguns poucos?"

O ex-prefeito Emanuel Pinheiro, que foi aliado de primeiro momento de Mauro Mendes, no início de sua vida pública, aproveitou para reforçar "a falta de compromissos" do atual governador de Mato Grosso.

"Dizer que não é doloroso atravessar a ponte entre Várzea Grande e Cuiabá para garantir proteção às mulheres, minimizar a demanda e afirma que implantar Delegacia 24 Horas pesaria nos cofres públicos é lamentável", afirmou, citando que o lamentável é que isso se dá no Estado em que mais morrem mulheres vitimas de violência de gênero.

"Delegacia da Mulher é urgente, não apenas em Várzea Grande, mas na grande maioria das cidades, pois as mortes acontecem por todos os lados", disse. E observou que investir na segurança das mulheres, das crianças e das pessoas não é despesa, e sim investimento. "Basta ter vontade política, que dá para atender toda a demanda", completou.

"Qual é o valor de uma vida para o senhor?. Só o dinheiro que o senhor gastou na construção de um parque, aqui em Cuiabá e que ainda não está pronto e nem sabe se vai ficar pronto, já seria o suficiente para construir as delegacias de proteção às mulheres", disse.

"NÃO É DOLOROSO" - Na semana passada, Mauro Mendes descartou a possibilidade de ampliação do funcionamento da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, Criança e Idoso de Várzea Grande para atendimento 24 horas.

O governador alegou o alto custo da medida.

Segundo ele, isso exigiria ao menos cinco delegados, o que representaria um “ônus insustentável” aos cofres do Estado.

Hoje, a Delegacia da Mulher em Várzea Grande funciona apenas em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Isso dificulta o atendimento imediato de casos que acontecem nos fins de semana ou à noite.

A polêmica ganhou corpo no mometo em que Mauro afirmou que “não ser doloroso sair de Várzea Grande para vir a Cuiabá”, quando a mulher precisar de atendimento no plantão 24 horas.

Citou que Várzea Grande e Cuiabá são cidades vizinhas, como justificativa para negar a ampliação do plantão.

“São poucos quilômetros para poucas pessoas”, afirmou.





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