Ex-presidente da Valec soube antes de operação
O ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha, e seus familiares, souberam das investigações da Polícia Federal meses antes de ser deflagrada, na quinta-feira, a Operação Trem Pagador, que resultou na prisão do ex-servidor e de mais três pessoas por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, ocultação e dissimulação de bens.
Os investigadores interceptaram em setembro uma mensagem de celular, na qual o advogado Aurelino Ivo Dias, de Goiás, avisava um dos filhos de Juquinha, Jader Ferreira das Neves, também preso, das apurações. O torpedo foi enviado um mês após o início das investigações. A partir daí, os acusados trocaram os telefones e ficaram mais cautelosos nas conversas para dificultar o trabalho dos policiais.
A Polícia Federal deve abrir um inquérito específico para apurar como o advogado teve acesso aos dados. Segundo as investigações, ele não tinha relacionamento com Juquinha, que é presidente do PR em Goiás. Após o episódio, no entanto, passou a advogar para o partido. Na quinta-feira, Aurelino foi conduzido à Superintendência da PF em Goiás para prestar esclarecimentos. "Estamos levantando o nível de informações que ele passou. O fato é que ele tinha informações da existência das interceptações e passou isso para o Jader", diz um dos investigadores.
Autorizações.
As autorizações para a Operação Trem Pagador foram dadas pela 11.ª Vara da Justiça Federal em Goiânia, a mesma que conduz o processo na Monte Carlo. O juiz Alderico Rocha Santos assumiu o caso no mês passado, após seu antecessor, Paulo Moreira Lima, pedir afastamento em meio a uma crise com o titular da vara, Leão Aparecido Alves. Leão teria se queixado de que um telefone usado por seus familiares estava sendo monitorado. Ele se declarou suspeito para conduzir o processo. A Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 1.º Região apura o vazamento de informações.
As investigações da Trem Pagador começaram quando a Procuradoria da República em Goiás fazia levantamento para pedir à Justiça a indisponibilidade de bens de Juquinha, investigado por inflar preços da obra da Ferrovia Norte-Sul quando presidente da Valec, beneficiando empreiteiras. O trabalho mostrou que um vasto patrimônio, avaliado em R$ 60 milhões, foi posto em nome do ex-dirigente, parentes e laranjas. Além de Jader, foram presos a mulher do ex-servidor, Marivone Ferreira das Neves, e um sócio, Marcelo Araújo Cascão, que foi solto nesta sexta-feira. Outros dois filhos dele estão envolvidos, sustenta a PF.
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