Duas semanas após assumir o poder, o novo presidente do país, Federico Franco, compareceu nesta sexta-feira junto com vários ministros a uma entrevista coletiva, que terá caráter quinzenal, para expor os avanços de sua gestão.
Foi o chanceler José Félix Fernández Estigarribia quem anunciou que na próxima semana recorrerá ao tribunal do Mercosul para apresentar "os direitos do Paraguai, que foram desprezados".
"Vamos iniciar ações legais perante o Tribunal Permanente", com sede em Assunção, para "restabelecer os direitos da República no Mercosul e analisar a incorporação da Venezuela, que nosso país considera não se ajusta ao direito internacional, nem aos tratados", explicou.
O Mercosul suspendeu o Paraguai há uma semana, até as eleições previstas no país em abril de 2013, em uma cúpula na qual Brasil, Uruguai e Argentina aprovaram também o a entrada da Venezuela, bloqueada há anos no Senado paraguaio.
Esse bloco e também a Unasul "puniram" assim o governo de Franco pelo "racha" democrático que, como entenderam, foi representado pelo impeachment de Fernando Lugo como presidente em um acelerado "julgamento político" no Senado.
O novo governo mantém aberta a opção de abandonar a Unasul, como hoje reiterou Fernández, que junto com Franco evitou jogar muita lenha na fogueira da polêmica internacional, e depositou sua "esperança" no relatório que a OEA analisará na próxima segunda-feira e na missão que a UE enviará ao país.
Franco disse que não é "prudente" comentar as supostas declarações do presidente do Uruguai, José Mujica, sobre o vínculo do Partido Colorado com a tragédia de policiais e sem-terra de 15 de junho em Curuguaty - detonador da cassação de Lugo -, e da legenda com o narcotráfico.
Fernández Estigarribia questionou ainda se é o "momento adequado" para que o Legislativo revise o protocolo de Compromisso com a Democracia do Mercosul e a adesão da Venezuela.
Já Franco voltou suas baterias contra a Venezuela e o que qualificou como uma "intromissão grosseira" do chanceler do governo de Hugo Chávez, Nicolás Maduro. O governante reafirmou que "houve contato (de Maduro) com os membros das Forças Militares" do Paraguai, para instigá-las a se manterem leais a Lugo.
Houve ainda quem pegasse mais pesado, como o "colorado" Rogelio Benítez, que rotulou de "psicopata" o presidente venezuelano por denunciar nesta quinta-feira que senadores do Paraguai pediam subornos para desbloquear a entrada da Venezuela no Mercosul.
"Que diga onde, quem, quando", exigiu Benítez, enquanto seu correligionário Juan Carlos Galaverna disse se inclinar pela ideia de que foi a Venezuela que ofereceu o dinheiro, segundo declarou a rádios de Assunção.
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