O projeto revela imagens, cores, sons e poesia. Um especial programa cultural para levar a todo o lugar.
Projeto “Programa de Bolso” enfatiza o fazer artístico
Com a proposta de ser um laboratório artístico e criativo, o projeto “Programa de Bolso” procura desvelar no ‘fazer’ a potencialidade da Música Popular Brasileira, e proporcionar experiências estéticas e momentos de prazer no conjunto de suas noites. São diferentes conceitos estéticos trabalhados e apresentados por meio de pockets shows em diferentes espaços culturais de Cuiabá.
Inicialmente, o projeto traz cinco edições, cada uma com criações artísticas singulares e produções que trazem um cuidado e qualidade conceitual no figurino, na cenografia, na luz cênica, no repertório, no arranjo musical e no sentimento de receptividade dos ambientes. A intenção é que as edições harmonizem também pontos de encontro entre artistas e público apreciadores dos gêneros musicais.
O projeto traz uma configuração coletiva que não parte de uma intenção preestabelecida, mas que se formata durante o percurso criativo e ganha uma face estética singular. Essa face fica evidente na utilização dos ensaios abertos com plateia e diretores ‘compondo’ juntos cada edição.
“Pra ouvir”
A primeira edição do projeto, nomeada “Pra ouvir”, tem como espaço a Sala de Artes da Casa do Parque, e traz um cuidadoso repertório com canções de Marcelo Jeneci, Tiê e Tulipa Ruiz, cantores e compositores de um novo momento da música popular brasileira. As letras que traduzem o cotidiano das relações humanas com docilidade e simplicidade são acompanhadas pelo tom das vozes de Rafael Cerigato e Ana Rafaela Oliveira.
Rafael Cerigato lembra que o nome “Pra Ouvir” expressa literalmente o intento da edição que se opõe ao “barulho” e excessos. “Nós começamos com uma noite em que a estética e a qualidade musical são priorizadas. Uma noite repleta de letras que contam alguma história, composições mais autorais e fortes que fogem ao que é ‘pop’. Esses compositores trazem o ‘novo’ com canções para fechar os olhos e ouvir. E para acompanhar as duas vozes, nós teremos as notas do piano e a percussão do cajón”, descreve.
A edição que acontece na sexta-feira, 06 de julho, às 20h, na Sala de Artes da casa do Parque está com os ingressos esgotados devido a grande procura e o número limitado de lugares. A produção estuda a possibilidade uma reapresentação da edição "Pra ouvir".
Os compositores
Nada por acaso Jeneci, Tiê e Tulipa Ruiz foram os escolhidos para o reperório desta primeira edição do Programa de Bolso. Paula Naves, produtora do projeto, menciona que em uma seleção feita pela crítica da Folha de São Paulo, os discos dos três compositores estão entre os 50, lançados nos últimos dez anos, que mais representam o Brasil, dividindo espaço com obras de Tribalistas, Zeca Pagodinho, Gilbeto Gil, Marisa Monte, entre outros. “Há modestos que dizem não ocorrer um novo movimento da Música Popular Brasileira e sim composições que inauguram uma espécie de novo tempo da MPB. Entretanto, o que me chama a atenção, não é o conceito, e sim, o poder destes artistas se pautarem como sujeitos da identidade musical brasileira, com incontestável qualidade estética, mesmo sem pretensões maiores e com amável simplicidade. O que vejo é um movimento independente ganhando a indústria fonográfica”, explica Paula.
Marcelo Jeneci é multi-instrumentista, cantor, compositor e uma das novas figuras da MPB mais elogiadas pela crítica. Com seu primeiro álbum ‘Feito Pra Acabar’, tocou o público com canções que, de uma forma ou outra, parafraseiam os sentidos e os sentimentos. O nome simbólico e, aparentemente, despretensioso do álbum carrega toda a pretensão quando é explicado pelo músico: “É feito para acabar com uma fase e começar com outra”.
Tulipa Ruiz é cantora, compositora e desenhista. Sua descrita “despretensão sincera e jovem como uma criança brincando com argila” cativa com um repertório solar e lúdico, que segundo ela, acabou tornando-se mais “ácido e saidinho” no decorrer da produção. Seu primeiro disco, ‘Efêmera’, traz canções com jogos de palavras, sensibilidade e momentos que permeiam o universo da mulher, resultado das próprias experiências da compositora.
Tiê é compositora, ex-modelo, ex-proprietária de um café-brechó e tem dois discos lançados: "Sweet Jardim" e “A Coruja e o Coração”. O primeiro com canções mais quietas e melancólicas traz menos instrumentação e, para Tiê, é mais “cru”. Já o segundo, é mais leve em termos de sentimento de música e “repleto de instrumentos”. Vencedora, duas vezes, do Video Music Brasil (VMB), premiação da MTV para os melhores músicos do ano, a cantora tem tornado-se uma expressão da MPB de sua geração.
O projeto
O “Programa de Bolso” tem como idealizadores o diretor artístico e musical Rafael Cerigato e a diretora artística e produção executiva Paula Naves. Em cinco edições, o projeto prevê resultados que contribuam com a formação de plateia, estímulo ao consumo de bens artístico-culturais e difusão da música brasileira. Compõem ainda o projeto as edições “Pra Chorar”, com as mais expressivas canções da Bossa Nova e da MPB como Vinicius de Moraes, Nara Leão, Tom Jobim e João Gilberto; “Pra sambar” com os famosos sambas-canções da era do Rádio, na década de 30, e o samba-choro de Noel Rosa e Pixinguinha; “Pra não traduzir” com o repertório da música internacional digna da sétima arte; e “Pra Criança”, com canções infantis.
Pensando no caráter intimista do projeto foi criado o grupo “Corujas do Cerrado” que remete ao conceito de Clube de Amigos. Além de participar de todas as edições e divulgar o projeto, estes ‘amigos corujas’ difundem as informações mais íntimas do processo de preparação de cada edição criando um canal livre de sugestões, comentários e críticas.
Os idealizadores
Rafael Cerigato atua no meio artístico em Cuiabá há 20 anos, participando de renomados grupos de teatro, companhias de dança, espetáculos de música e musicais. Possui um fino ouvido para a música e autodidata em violão, gaita, guitarra e piano. Aos 13 anos de idade começou a estudar teatro e ampliou seu exercício artístico para os estudos de ballet, jazz, sapateado e dança de salão, bagagem que permitiu, em 2003, a implantação de um projeto de ensino de dança em escolas de educação infantil e ensino fundamental. Atualmente desenvolve dois audaciosos projetos: uma oficina de teatro musical e a inclusão de novos repertórios no ouvir cuiabano a partir do ‘Programa de Bolso’.
Paula Naves é comunicóloga e produtora cultural. Iniciou seu trabalho como produtora, em 2004, no projeto nacional Cinema BR em Movimento. Em 2005, produziu o I Festival de Cinema Feminino de Chapada dos Guimarães “Tudo Sobre Mulheres”, da diretora Daniele Bertoline, e o filme documentário “Céu e Água”, de João Carlos Bertoli. Realizou a produção executiva da Orquestra do Estado de Mato Grosso em 2007 e 2008, e ministrou as Oficinas de Formação de Grupo do Projeto TIM Música na Escola. Desde 2009, dirige artisticamente o Cine Teatro Cuiabá e também desenvolve projetos no ‘Ninho de Produção Criativa’, empresa idealizadora do “Programa de Bolso” junto a Rafael Cerigato.
O projeto tem o apoio cultural de Dom Comunicação, A Casa do Parque, Trinix e Sol Maior, e traz como parceiros Ângela Coradini, jornalista; Robson Oliveira, arquiteto e cenógrafo; Bianca Poppi, desing de moda; e tod@s @s Corujas do Cerrado.
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