Além do ex-diretor do DNIT, comissão convoca ex-dono da Construtora Delta
Pagot é convocado e pode comprometer Governo Dilma
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga as relações do contraventor Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados aprovou, nesta quinta-feira (5), a convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot.
Além do executivo mato-grossense, a comissão também aprovou a convocação do ex-dono da Delta Construções, Fernando Cavendish. Uma das maiores empreiteiras do país, a empresa é acusada pela Polícia Federal de integrar o esquema ilegal do empresário goiano.
A convocação do ex-chefe do DNIT se transformou numa polêmica, depois que a própria CPI rejeitou o expediente, em junho passado.
Em entrevista ao jornal O Globo, Pagot afirmou que estava sofrendo perseguição de pessoas ligadas ao Governo Dilma Rousseff para não falar à CPI do Cachoeira.
"Em todo lugar que eu desembarco, tem gente me esperando para me constranger. Até na empresa onde trabalho estão me perseguindo. A situação está muito ruim. Deixei de frequentar meus amigos para não colocá-los em risco", disse ele, na entrevista.
Também em entrevista, o líder do PR no Senado, Blairo Maggi, reafirmou que seu afilhado político sempre esteve disposto a depor na CPI do Cachoeira.
Em entrevista à Agência Estado, do grupo que edita o jornal O Estado de S. Paulo, Maggi disse que Pagot lhe revelou que saiu do PR para ter liberdade de falar o que considerar interessante, no contexto das supostas ligações do DNIT com o esquema do bicheiro Cachoeira.
"Se vai doer em um ou outro, paciência", completou o ex-governador de Mato Grosso, se referindo as possíveis consequências de um eventual depoimento do afilhado na CPI para pessoas ligadas ao esquema do contraventor e ao próprio Governo Dilma Rousseff (PT).
Sigilos
O prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), que aparece em vídeo negociando apoio a Cachoeira nas eleições em 2004, também vai depor na comissão.
As convocações foram aprovadas pelos integrantes da CPI, com os requerimentos sendo votados em bloco.
Os deputados e senadores avaliam agora os requerimentos de quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico. Depois, serão votados os pedidos de tomadas de providências sobre aspectos em avaliação pela CPI.Os depoentes não serão questionados pela CPI se recorrerem ao direito de permanecerem calados. Apenas serão obrigados a entrar na sala da CPI, fazer essa comunicação e sair.
Essa decisão foi tomada hoje pela CPI, que manteve um rito que vinha seguindo desde o depoimento de Carlos Cachoeira. O DEM anunciou que irá recorrer ao STF para ter o direito de fazer questionamentos.
Na prática, mantido o atual rito, a convocação serve apenas para marcar a disputa política entre PT e PSDB na CPI e não deve trazer novidades à investigação, porque os depoentes, se quiserem, não permanecerão muitos minutos na CPI.
A oposição tentar agora convocar o deputado José de Filippi (PT-SP), tesoureiro da ca,panha de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Ele foi citado por Pagot, em entrevista, como um dos que lhe pediram ajuda das empreiteiras com contratos no DNIT para campanha. O PT já disse que é contra.
A CPI convocou ainda Adir Assad. O empresário recebeu milhões da Delta por meio de empresas inoperantes em São Paulo.
Com informações da Agência Senado e Folha.com
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