Caça legal de baleia no Japão ganha força
No terceiro dia do encontro anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB), na Cidade do Panamá, representantes de organizações ambientais reclamam do domínio dos países favoráveis à caça de baleias nas discussões. Depois do novo veto à criação do santuário de baleias no Atlântico Sul e da renovação de cotas para a caça aborígene, o Japão ganhou força para reapresentar o projeto de legalização da caça costeira em pequena escala.
Acusado de manipular as votações, com uma suposta compra de votos de nações menores, o Japão é o principal articulador dos países baleeiros. Ontem, a delegação japonesa apresentou seu projeto de caça científica, que no ano passado foi responsável pela morte de 445 baleias. Interessado na ampliação, o país asiático retomou a proposta (rejeitada em 2010) da regulamentação da caça costeira em pequenas comunidades, como exceção à moratória da caça comercial, sob alegação de que é similar à captura aborígene. Mesmo com oposição de vários países, entre eles o Brasil, o tema seguirá na pauta do evento, que se encerra amanhã.
Protestos
Na segunda-feira, primeiro dia da reunião, o projeto do santuário obteve apenas 38 votos favoráveis, insuficientes diante dos 75% necessários para a aprovação. No segundo dia, foi a vez de Estados Unidos, Rússia e São Vicente e Granadinas conseguirem aprovar cotas de caça aborígenes, com 48 votos a favor e 10 contra, o que causou críticas de ambientalistas.
"EUA e a Rússia cumprem regras e quesitos estabelecidos pela CIB, mas, no caso de São Vicente, foi reiterado por diferentes países que não existem registros históricos de uso de baleias para subsistência da comunidade e que foi recentemente introduzida por americanos e europeus", diz Márcia Engel, presidente do Instituto Baleia Jubarte, que está no Panamá.
As constantes vitórias dos países baleeiros já fazem os ambientalistas questionarem a validade da CIB. "Temos percebido que só vale a pena manter a comissão se ela for reformulada, se estiver alinhada com outras grandes comissões internacionais", afirmou Leandra Gonçalves, do SOS Mata Atlântica. "Em termos de transparência, a comissão está ferindo vários preceitos. A maioria dois países é conservacionista, mas ainda assim a reunião tem aprovado resoluções pró-caça. Os países conservacionistas deveriam esvaziar esta comissão e criar uma nova."
A ativista lembra que a CIB, criada há mais de sete décadas, não tem a intenção de acabar com a caça de baleias. "A comissão foi criada apenas para regular a caça."
A atuação do governo brasileiro, que liderou a campanha pela criação do santuário do Atlântico Sul, também é alvo de críticas. "Os dois técnicos do Ministério do Meio Ambiente aqui presentes não têm nenhuma experiência prévia, nem com a reunião da CIB e nem com a conservação de baleias, e não parecem estar apoiando efetivamente a delegação", criticou Márcia Engel. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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