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Cidades/Geral
Quarta - 04 de Julho de 2012 às 14:10
Por: Vera Lúcia Ramos e Marina

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Teste que a PROTESTE Associação de Consumidores fez com 53 alimentos industrializados, publicada na edição deste mês da revista PROTESTE SAÚDE, constatou que a maioria dos produtos avaliados  (68%) não contem gordura trans em sua composição. Mas ainda há alimentos com alto teor da substância e, entre eles,  a batata Pringles que no rótulo informa não conter gordura trans.

De acordo com a organização Mundial da Saúde, se houver a ingestão dessa gordura, não pode ultrapassar 1% do valor calórico total da dieta diária ( 2g para um adulto). Ao consumir 100 g de batata Pringles ou de pipoca de micro-ondas Chinezinho, o consumidor terá ultrapassado o limite sugerido. Foi detectado 0,4 g de gordura trans por porção de 30g na batata Pringles. Também foi detectado excesso de trans nos biscoitos de polvilho, e no de chocolate Adria, na torta de frango congelada, e na rosquinha Bom Preço.

A gordura trans pode ser produzida a partir da reutilização prolongada de óleos na fritura de alimentos e no processo de hidrogenação na fabricação de alguns produtos. Na indústria alimentícia é usada para melhorar a aparência, aroma, sabor, cor e textura, além de conservação dos alimentos .A ingestão de gordura trans está associada à obesidade, à hipertensão e ao diabetes tipo 2, além da elevação dos níveis de colesterol ruim. Ou seja, é fator de risco para doenças cardiovasculares.

Legalmente o fabricante pode alegar a ausência de gordura trans quando o teor for menor ou igual a 0,2g na porção. Na avaliação da PROTESTE, o ideal é que essa conta seja feita por 100g do alimento, já que a alegação da ausência de gordura trans feita hoje por porção induz o consumidor ao erro. Muitas porções estipuladas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não condizem com a realidade de consumo. Ou seja, o consumidor tem a falsa impressão de estar adquirindo um produto mais saudável do que é.

Num trabalho de mestrado defendido em 2011 e aceito este ano para publicação em uma revista científica estrangeira, Bruna Maria Silveira comparou a tabela com a lista de ingredientes de 2.327 embalagens de alimentos coletados num grande supermercado de Florianópolis. Metade deles tinha entre os ingredientes algum composto com gordura trans, mas apenas 18% traziam um número maior que zero na tabela nutricional.

A explicação estaria na própria legislação. A gordura trans só “existe” para a tabela nutricional quando ultrapassa 0,2 g na porção indicada pelo fabricante. Segundo a professora Rossana Pacheco da Costa Proença líder do Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições (NUPPRE) da UFSC e orientadora da pesquisa, a regra permite que um biscoito feito com gordura vegetal hidrogenada e porção sugerida de 30 gramas (o que às vezes equivale a 2,5 biscoitos) tenha sempre o “zero trans” na tabela. Assim, quem lê apenas a tabela nutricional pode comer 5 ou 10 biscoitos sem saber que está ingerindo gordura trans. “A função da rotulagem é informar o consumidor e ajudá-lo a fazer escolhas” diz Rossana. “Nossas pesquisas demonstram que a rotulagem, como está, não funciona adequadamente”.

A pesquisa encontrou 23 nomes diferentes para o tipo de gordura que pode conter ácidos graxos trans. Para Rossana, uma padronização na nomenclatura resolveria parte do problema. Mas, segundo a Anvisa, apenas 3 dos 23 nomes estão irregulares. Em entrevista à PROTESTE, a gerente de produtos especiais da Anvisa, Antonia Aquino, afirmou que a lista de ingredientes não é fonte de informação adequada para verificar a presença de gordura trans. “Rotulagem é um processo que vai melhorando ao longo dos anos, e todos os países concordam que ela precisa mudar. Mas nunca vai ser 100% adequada.”






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