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Cidades/Geral
Sexta - 29 de Junho de 2012 às 19:02

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Melhores condições de trabalho, aumento salarial e capacitação profissional são interesses comumente defendidos pelos sindicatos. Com o passar dos anos, a busca por direitos foi ampliada e passou a incluir também questões relacionadas a diversas políticas sociais, como igualdade de gênero, combate à discriminação, entre outras.

Com 47 anos de história e considerado o maior sindicato dos servidores públicos do Estado, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) se destaca justamente pela forte atuação em demandas que afetam não só os profissionais da educação, mas também a sociedade de uma forma geral. Essa condição é resultado do poder de organização da categoria que, com forte mobilização da base sindical, está estruturada em todas as regiões de Mato Grosso.

“O Sintep/MT tem como marca a consulta permanente às bases, presentes nos 141 municípios do Estado. Realiza um trabalho intenso de mobilização, por ser um sindicato forte, convicto da sua luta e que não abre mão dela, independente de quem está no Governo”, ressalta o presidente da Direção Central da entidade, Gilmar Soares Ferreira, que encerra o segundo mandato (2009-2012) neste final de semana.

Segundo ele, as questões imediatas da categoria são: piso salarial, carreira digna, formação profissional e jornada de trabalho decente. Mas, o Sintep/MT luta também por qualificação dos trabalhadores em geral, por meio da representação no Conselho Estadual do Trabalho; contra o trabalho escravo e infantil, com participação nos fóruns de erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil; pela preservação do meio ambiente; pelas políticas públicas de saúde e perfeito funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), defendidos nas reuniões do Conselho Estadual de Saúde, sem contar os municípios, em que vários outros conselhos têm participação assídua de dirigentes do Sindicato, a partir das subsedes.

Sindicato cidadão - A concepção do Sintep/MT é a de sindicato cidadão, característica das entidades filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que reivindicam direitos para toda a classe trabalhadora. “Embora lutemos de forma direta pelos direitos corporativos da categoria, como salário, por exemplo, nossa identidade de classe trabalhadora também inclui em nossa agenda a busca pelos direitos das mulheres, a favor da Reforma Agrária, com apoio ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), seja por meio da participação no movimento, com recursos financeiros ou com infraestrutura”, afirma o presidente do Sindicato.

O sindicalista acredita que, dessa forma, será possível que o educador tome consciência sobre seu papel como formador de opinião, capaz de constituir cidadãos críticos dos processos de decisão de poder.  O envolvimento do Sintep/MT em favor de diversas políticas sociais parte da premissa de que o aluno orientado pelos educadores a se envolver na defesa dos direitos tem grande chance de se tornar uma autoridade comprometida com um mundo mais justo e solidário. Apesar de todo esse esforço, uma parcela significativa dos educadores, que não corresponde à maioria, se distancia dessa formação de lideranças, quando assumem a dupla jornada e não resta tempo para a convivência com os estudantes e os jovens.

Organização da categoria é fundamental - O posicionamento da entidade com relação a essas bandeiras depende também da condição primordial para a organização da categoria, que consiste em seguir o planejamento estratégico, que define objetivos estratégicos e ações prioritárias. Além disso, é preciso estar em constante articulação e comunicação com a base sindical nos municípios, por meio das instâncias deliberativas do sindicato. “Ao defender educação pública de qualidade, com reivindicação de mais vagas para professores, realização de concurso público, formação profissional, acabamos nos envolvendo em outras lutas, uma consequência natural da reflexão sobre os diversos problemas que afetam os cidadãos”, explica Gilmar Soares.

Na área da educação, os últimos seis anos foram marcantes. Nesse período, o sindicalista lembra que foi possível reaver conquistas importantes, anuladas na primeira gestão de Blairo Maggi. Houve duas greves tensas, em que ocorreu diferenciação de salário, o investimento em efetivação de pessoal foi insignificante e, no campo da infraestrutura, a condição das escolas públicas era deplorável. A partir de 2007, surgiram avanços positivos. “Com Ságuas Moraes a frente da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o cenário começou a mudar, mas isso ocorreu com muita luta, como comprova a greve de 2008, que durou 29 dias”. Fruto deste movimento grevista, a entidade conquistou a avalliação quadrimestral das receitas do Estado, que já garantiu dois reajustes salariais em dois anos.

O Sintep/MT também teve papel importante na nomeação de aprovados no concurso público do Governo do Estado, quando exigiu não só a posse dos aprovados, mas também dos classificados. “O concurso foi anunciado com número insuficiente de vagas para a educação, apenas 5.500, e nossa mobilização já garantiu quase 9.000 empossados. Temos tido várias outras conquistas, de forma mais lenta, mas que estão caminhando, como o Profuncionário, o agendamento de aposentadorias, etc.”, elenca Gilmar Soares.

No âmbito das redes municipais, as conquistas contemplam um plano de carreira próximo ao que é a Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica (LOPEB), com avanços significativos na questão do piso e na inclusão dos funcionários nos planos de carreira. Nos últimos quatro anos, a entidade se dedicou à formação de dirigentes com uma metodologia de análise de receitas e despesas, um trabalho que tem revelado que os prefeitos pagam salários bem abaixo daquilo do piso salarial dos profissionais.

Os resultados são positivos para a categoria e para a sociedade, pois um profissional da educação bem valorizado representa a possibilidade de um profissional mais dedicado e comprometido com os alunos e com a comunidade na qual atua. “Muitos criticam quando fazemos greve, também gostaríamos que as discussões não levassem às paralisações, mas esta é a única forma de contrapor prefeitos que agem de forma inconsequente na administração dos recursos da educação”, desabafa Gilmar Soares.

Mais desafios pela frente

“O Sintep/MT cumpre com seu papel , demonstra que não é grande somente em número e em estrutura, é grande também na luta por um projeto de sociedade mais justa, solidária, com oportunidade para todos”. Por acreditar nisso, Gilmar Soares continuará na Direção Central da entidade, como secretário de Comunicação, além de assumir a presidência da subsede de Várzea Grande. Também continuará como secretário de Formação Sindical da CNTE, até o fim do mandato atual, em janeiro de 2014. “Várzea Grande tem um histórico de desvalorização dos educadores, um quadro político complicado, exige muito de quem está na direção do sindicato, mas temos um bom grupo e vamos estruturar o Conselho de Representantes a fim de preparar a categoria para enfrentamentos mais árduos”, conclui.






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