A alta de 9% no volume de abates de bovinos em Mato Grosso no primeiro trimestre do ano na comparação com o mesmo período de 2011 elevou a participação do estado nos abates totais registrados no país. O estado é responsável por aproximadamente 16% de todas as operações desta natureza. Desempenho puxado especialmente pelo uso cada vez mais frequente de animais fêmeas.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre janeiro a março foram enviados às indústrias frigoríficas um plantel de 1,1 milhão de animais. Um ano antes somou 1 milhão de exemplares. À época, a participação do estado era de 14,9%.
Os números fazem parte da Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha, divulgados nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Carlos Ivam Garcia, analista de mercado do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), lembra que o uso de fêmeas ganhou velocidade ainda no mês de janeiro.
"O que puxou os números do estado nos abates foi o uso de fêmeas. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, tivemos um aumento de 15% no volume de vacas abatidas, enquanto de boi registrou queda de 3%", destacou o analista.
Realidade semelhante à do país, que até março deste ano usou 6,5% a mais de fêmeas e viu cair o envio de machos às indústrias: -2%. Mato Grosso é o estado brasileiro com maior rebanho bovino - atualmente superior a 29,1 milhões de animais. Consequentemente, é o que mais abate em termos individuais, ou exemplares.
Brasil
No Brasil, o abate de bovinos cresceu pouco mais de 1% e até março atingiu 7,1 milhões de animais. De acordo com o IBGE, o Centro-Oeste brasileiro concentrou 38,5% dos abates, à frente das regiões Norte (20,8%), Sudeste (19,2%), Sul (11,4%) e Nordeste (10,2%).
Sequência de alta
Para o analista do Imea, os números do IBGE traduzem o cenário atual da pecuária: mais fêmeas estão sendo enviadas para abate. Sinal de alerta para o setor, uma vez que pode impactar diretamente na redução do rebanho total.
Isto porque, de acordo com a Associação dos Criadores (Acrimat), animais enviados para as indústrias enquadram-se na categoria de idade superior a 24 meses. Na última semana, a entidade e o Imea divulgaram um estudo que traçou os rumos da pecuária no estado.
Luciano Vacari, superintendente da Acrimat, lembra que quando o percentual de utilização pelas fêmeas supera 20% equivale a uma redução no plantel. Se o estado mantiver os mesmos níveis de utilização de fêmeas, pode registrar um recuo de 2% no plantel total, passando de 29,1 milhões de animais para 28,6 milhões. "O ideal era ter um descarte normal", destacou o representante, elencando ainda o uso de 65% de machos e até 35% de fêmeas.
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