O ex-ditador egípcio Hosni Mubarak teve morte clínica nesta terça-feira (19), segundo a agência oficial Mena, citando fontes hospitalares. As fontes afirmaram que o coração de Mubarak, de 84 anos, parou de bater e foi submetido a um desfibrilador várias vezes, mas não respondeu.
Já a agência Reuters, citando duas fontes da segurança, afirma que Mubarak não teve morte clínica, mas está inconsciente e respirando por meio de aparelhos. Uma fonte médica ouvida pela France Presse relatou que o ex-ditador está em coma, e os médicos tentam reanimá-lo.
Apesar dos desmentidos, a televisão estatal divulgava durante a noite imagens de arquivo de Mubarak.
Segundo médicos ouvidos pelo Jornal Nacional, o termo "clinicamente morto" é genérico e, por isso, pode ter significados diversos em países diferentes.
O legista da Unifesp e professor de medicina legal da USP Henrique Soares disse que, no Brasil, estar clinicamente morto é ter morte encefálica. É a morte do córtex cerebral mais a morte do tronco cerebral. A pessoa não respira e não tem reflexos.
Mas o médico observa que, em alguns países, basta a morte do córtex cerebral para determinar que o paciente está clinicamente morto.
Transferido
Mubarak havia sido transferido nesta terça da cadeia onde estava havia duas semanas para o hospital militar Maadi, no subúrbio do Cairo, após ter sofrido um acidente vascular cerebral que o deixou em estado grave.
Mais cedo, a agência oficial de notícias Mena havia informado que Mubarak, ainda na cadeia, já havia sido submetido a uma desfibrilação cardíaca.
O ex-ditador egípcio Hosni Mubarak em 29 de janeiro em tribunal no Cairo (Foto: AP)
Mubarak governou o Egito por mais de 30 anos. Ao longo desse período, destacou-se como um líder que conduziu o país em um Oriente Médio abalado por guerras, terrorismo e extremismo religioso.
Mas, em fevereiro de 2011, foi derrubado por 18 dias de uma revolta popular, no contexto da chamada Primavera Árabe, que lutava por mais liberdade política e de comportamento.
Mubarak usou as forças de segurança para reprimir fortemente a revolta nas ruas, mas não conseguiu.
Prisão perpétua
Ele estava detido havia duas semanas em uma ala médica da prisão de Tora, no sul do Cairo, depois de sua condenação à prisão perpétua, no dia 2 de junho, data na qual seu estado de saúde teria começado a piorar bastante.
Fontes de segurança informaram que ele estava sofrendo de depressão severa, de dificuldades respiratórias e de hipertensão.
Em 11 de julho, os médicos usaram nele um desfibrilador, segundo uma fonte hospitalar.
Sua família pediu que ele fosse transferido para um hospital para ser tratado, como tinha sido o caso antes de sua condenação, mas as autoridades explicaram que não tinham tomado ainda uma decisão e que Mubarak seria "tratado como qualquer outro prisioneiro".
O ex-chefe de Estado havia sido condenado à prisão perpétua por conta da repressão à revolta contra seu governo, que deixou cerca de 850 mortos em violentos confrontos de rua entre manifestantes e as forças de segurança.
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