Sua editora HarperCollins confirmou que o autor morreu na terça-feira em sua casa de Los Angeles, após uma "longa doença", enquanto as homenagens de sua família e admiradores começavam a florescer.
"Em uma carreira de mais de 70 anos, Ray Bradbury levou gerações de leitores a sonhar, pensar e criar", declarou a editora em um comunicado.
Ray Bradbury havia sofrido um derrame cerebral em 1999, mas conseguiu retomar seu trabalho alguns anos depois.
"O mundo perdeu um dos melhores escritores que conheceu e um dos homens mais queridos para mim. RIP Ray Bradbury (avô Nº 1)", escreveu no Twitter seu neto, Danny Karapetian.
Flores foram deixadas em sua estrela, na Calçada da Fama, em Hollywood.
A ficção de Bradbury revelou um autor preocupado com a vida espiritual da Humanidade diante do materialismo da sociedade.
Sua obra mais lembrada, "Fahrenheit 451" (1953), escrita em plena Guerra Fria, aponta os males da censura e do controle do pensamento em um Estado totalitário. A história ficou famosa em todo o mundo após a adaptação para o cinema do cineasta François Truffaut em 1966.
O livro entrou de forma brilhante na tradição de grandes livros "distópicos" (em oposição aos "utópicos"), descrevendo sociedades onde um governo autoritário central, oprime a totalidade ou parte dos seus cidadãos.
Um gênero ilustrado anteriormente por "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, ou "1984", de George Orwell, mas que Ray Bradbury introduziu ao público em geral, e que continua a ser extremamente popular hoje, como evidenciado pelo sucesso do livro da série "Hunger Games" ("Jogos Vorazes"), da americana Suzanne Collins, recentemente adaptado para o cinema.
Um escritor prolífico (600 contos, 30 romances, poemas), Ray Bradbury escreveu também muitas peças de teatro e roteiros para filmes, como "Moby Dick" (1956) para John Huston, mas também para a televisão, incluindo "A quarta dimensão" e episódios de "Alfred Hitchcock Presents".
Danny Karapetian declarou ao blog io9 que seu avô "influenciou artistas, escritores, professores e cientistas".
"Sua herança está em sua monumental produção de livros (e obras) para cinema, televisão e teatro, e também, o mais importante, no espírito e coração de todos que o leram, porque ler seus livros, significa conhecê-lo", acrescentou.
O escritor vendeu mais de 8 milhões de livros, que foram traduzidos em 36 línguas.
Nasceu em 22 de agosto de 1920, em Waukegan (Illinois, norte dos Estados Unidos), Raymond Douglas Bradbury descobriu a literatura aos 7 anos de idade com Edgar Poe.
Filho de filho de um pai engenheiro e mãe de ascendência sueca, tinha 14 anos quando seus pais se mudaram para Los Angeles.
"A grande diversão na minha vida foi levantar a cada manhã e correr para a máquina de escrever porque alguma nova ideia havia me ocorrido", declarou Bradbury em 2000.
"A sensação que tenho a cada dia é, em grande medida, a mesma que quando tinha 12 anos", disse ao celebrar 80 anos.
A fama internacional veio a partir da publicação em 1950 de "Crônicas", um livro elaborado a partir de vários contos curtos.
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