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Quarta - 06 de Junho de 2012 às 10:46

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Arquivo Pessoal
Luís Felipe Macedo sofreu queimaduras em 35% do corpo aos 11 anos. Hoje, aos 18, vive como um jovem de sua idade.
Luís Felipe Macedo sofreu queimaduras em 35% do corpo aos 11 anos. Hoje, aos 18, vive como um jovem de sua idade.
O Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, celebrado todos os anos em 6 de junho, foi criado para alertar sobre os riscos desse tipo de acidente. Só no Brasil, um milhão de pessoas sofrem acidentes com queimaduras a cada ano, destes, dois terços são crianças, segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ).

O ambiente doméstico ainda é o lugar mais suscetível para queimaduras. É lá que, principalmente as crianças, correm maior risco de topar com a água quente da panela, ou usar alguma substância inflamável, como álcool ou tíner, para fazer brincadeiras de fogueira, explica Mauricio Pereima, diretor da SBQ.

Isso acontece porque as queimaduras causadas pelo contato com substâncias combustíveis são as mais perigosas. Por serem altamente inflamáveis, ao entrarem em contato com o fogo, causam queimaduras de terceiro grau, que atingem as camadas mais profundas da pele.

“Como consequência, o queimado terá de passar por um longo processo de internação, além de várias cirurgias corretivas para voltar a ter uma aparência mais parecida com a anterior. E, se os movimentos forem comprometidos, ainda vai necessitar de sessões intensas de fisioterapia por tempo indeterminado”, explica Pereima.

O estudante Luís Felipe Macedo, de 18 anos, morador de Santo Amaro da Imperatriz (SC), sabe bem o que é essa realidade. Aos 11, ele se queimou ao fazer uma fogueira na rua usando tíner. Ele e o irmão mais novo, que só tinha dois anos na época, pegaram o produto escondido da família. Ao acharem uma caixa de fósforos no caminho, a história se repetiu.

A mãe deles, Luciane Marlene de Macedo Oliveira, de 40 anos, só viu os dois filhos no hospital, ambos queimados. O mais velho havia se machucado muito mais - 35% de seu corpo estava queimado – enquanto no menor 7% havia sido comprometido.

“O Luís teve parte das orelhas, queixo, lábio, pescoço, tórax, braço esquerdo e perna esquerda queimados”, diz a mãe.

O acidente aconteceu em 21 de dezembro de 2004 e desde então Luís passou por uma maratona de cirurgias, da retirada de toda a pele queimada, colocação de enxertos a muitas internações. Gabriel, o mais novo, só ficou com leves cicatrizes.

Segundo Oliveira, o filho chegou a fazer mais de seis cirurgias em um ano, algumas na região do pescoço para ganhar mais mobilidade, até então impedida pela presença de queloides, um tipo de cicatrização imperfeita que impede a elasticidade da pele. Em uma cirurgia feita no tórax, o jovem contraiu infecção hospitalar e precisou ficar mais 60 dias internado.

Atualmente, Macedo está se formando no ensino fundamental, começou um trabalho como jovem aprendiz e faz aulas de taekwondo. Com uma vida social agitada, o jovem costuma ir ao clube e sair com os amigos. Segundo a mãe, ele está “psicologicamente muito bem”. Que o digam os mais de mil amigos que ele tem em uma rede social.

Adultos também se queimam
Assim como as crianças, os adultos também estão vulneráveis às queimaduras. Um exemplo clássico é mantido na mania nacional de acender a churrasqueira com álcool líquido. A junção da substância inflamável com fogo pode ser literalmente explosiva.

A carioca Daniela dos Anjos Fatudo, de 37 anos, passou por algo semelhante. A servidora pública teve 50% do corpo queimado após um acidente com álcool líquido em um restaurante. Ela tentava se servir em um buffet, quando um funcionário abastecia o rechaud do alimento com o produto. Em questão de segundos, Fatudo viu uma labareda em um de seus braços que se espalhou pelo resto do corpo, até suas coxas.

“A dor é realmente indescritível. Parece que estão te cravando de agulhas. Como eu só não queimei a ponta dos dedos, eu sentia muita dor nas mãos. Então eu gritava: salvem as minhas mãos”, conta Fatudo.

A servidora permaneceu 90 dias internada após o acidente, em abril de 2009, época em que passou por onze cirurgias de colocação de enxerto de pele. Depois da alta, ela recorda ter ainda passado por pelo menos mais nove cirurgias.

“Fiquei a zero. Tive de reaprender a comer, a andar, a segurar as coisas, tudo com fisioterapia. O grande problema do queimado é que ele vai se fechando por causa da dor, fica procurando posições de conforto. Até hoje meu cotovelo não abre a 180 graus”, conta.

Outra mudança radical na vida de Fatudo foi a necessidade de abandonar a praia. Pessoas com queimaduras não devem tomar sol. Ao sair de casa em dias ensolarados, filtro solar, chapéu e mangas compridas são itens obrigatórios. Em solidariedade, seus dois filhos e o marido também deixaram de frequentar as areias.

No entanto, Daniela já voltou a trabalhar no ano passado e atualmente já consegue ir às compras e carregar as sacolas. Tudo graças à fisioterapia quase diária que faz em casa.

“Voltei a trabalhar mais para socializar. O queimado precisa disso, mas geralmente ele se esconde”, diz Fatudo.

Como evitar acidentes com álcool
O uso do álcool, por ser um produto inflamável, pode causar sérios acidentes domésticos, como incêndios e queimaduras. Para se prevenir desses acidentes, veja as dicas da ONG Instituto Pró-Queimados abaixo.

- O produto somente deve ser usado em experimentos escolares com a supervisão de professores.

- A criança nunca deve manipular produtos como álcool, querosene, gasolina ou outros líquidos inflamáveis perto do fogo.

- Se a criança ingerir o produto sem querer ou perceber algum vazamento, deve chamar um adulto o mais rápido possível e ser levado ao hospital.

- Se a criança ver um colega brincando com líquidos inflamáveis, deve comunicar imediatamente a um adulto.

- Armazene a garrafa de álcool em lugar fresco e arejado, distante de fontes de calor, do sol ou de outros líquidos inflamáveis.

- Jamais jogue fogo diretamente ao acender fogueiras ou churrasqueiras.

- Guarde os produtos de limpeza em lugar seguro e alto, longe do alcance das crianças.





Fonte: Do G1

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