Senadores mato-grossenses destacam que desconhecimento de parlamentar goiano sobre atividades do contraventor causou surpresa
Para Taques e Jayme, Demóstenes não convenceu
Os senadores mato-grossenses Jayme Campos (DEM) e Pedro Taques (PDT) não ficaram convencidos com a declaração dada ontem pelo senador Demóstenes Torres (sem partido/GO) no Conselho de Ética do Senado Federal, de que não tinha conhecimento das atividades ilícitas praticadas por Carlinhos Cachoeira.
“Todos ficamos surpresos quando ele disse que não sabia que Cachoeira era bicheiro. Não acredito nisso, não”, disse Campos.
O senador, entretanto, evitou fazer críticas mais efusivas a Demóstenes, que até pouco tempo era líder do Democratas no Senado. “Muitos senadores ficaram convencidos com as declarações dele. Eu achei bastante esclarecedora sua participação na CPMI, mas acredito que a decisão será, sobretudo, política”.
Embora não faça parte do Conselho de Ética, Pedro Taques acompanhou a oitiva de Demóstenes e disse que ficou “impressionado” com a afirmação de que não tinha conhecimento das atividades de contraventor exercidas por Cachoeira, de quem ele admitiu ser amigo.
“Com o passado dele como membro do Ministério Público, não tinha como não saber disso. É um direito dele trazer a versão que entender, mas não fiquei convencido com as respostas que apresentou”.
Durante 2h15 de depoimento, Demóstenes insistiu na tese de que os diálogos foram reproduzidos de forma “descontextualizada”, tanto nos relatórios da Polícia Federal quanto nas matérias jornalísticas, e disse ser vítima de um “conluio” com vistas “a destruir um parlamentar”. Afirmou ainda ter atendido somente demandas “legítimas e republicanas” da parte de Cachoeira e admitiu ter recebido um rádio Nextel do bicheiro, mas alegou ter aceitado o presente por “comodidade”, já que o aparelho fazia ligações internacionais.
O senador também negou ter recebido 30% do faturamento de jogos ilegais obtido por Cachoeira em Goiás e apresentou documentos que comprovariam sua versão. Defendeu-se ainda da acusação de que teria feito lobby pela liberação dos jogos de azar no país e disse que não veio da Alemanha para o Brasil com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em viagem que poderia ter sido paga por Cachoeira nem voou em nenhum táxi aéreo pago pelo bicheiro ou alguém do grupo dele.
Quebra de sigilo – A CPMI aprovou ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da empreiteira Delta Construções, em âmbito nacional, mas adiou a votação sobre a convocação de governadores para depor da CPI até que um parecer técnico seja emitido sobre o assunto.
O senador Pedro Taques reforçou a necessidade de aprovação das quebras de sigilo dos investigados pela CPMI e afirmou que qualquer governador pode ser ouvido na justiça comum como testemunha, ao contrário de alguns senadores que alegaram impedimentos constitucionais para convocação dos chefes dos Executivos estaduais. O senador entende que a CPMI pode ouvir autoridades de todos os poderes nessa condição e que não há impedimentos previstos na Constituição.
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