A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, abriu inquérito nesta sexta-feira para investigar denúncias de mães de uma escola estadual contra um professor por ter exibido um filme com conteúdo impróprio para seus filhos, estudantes da 5ª série do Ensino Fundamental. O filme Guerra do Fogo, cuja faixa etária é para 14 anos, contém cenas de sexo, violência e canibalismo, foi exibido para cerca de 80 alunos de duas classes da escola estadual Noêmia Bueno do Valle.
As mães que assinaram os boletins de ocorrência disseram à polícia que suas filhas reclamaram do conteúdo do filme, que foram proibidas de deixar a sala de aula pelo professor e que algumas mudaram o comportamento depois de assistir ao filme. A delegada Margarete Franco, da DDM, disse que está apurando, em princípio, uma infração ao artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é colocar crianças e adolescentes em situação vexatória. "Ao não deixar os estudantes saírem da sala de aula, o professor teria cometido esta infração", disse a delegada. "Essa denúncia deveria ser apurada em Termo Circunstanciado, mas como foram feitas outras acusações, optei pelo inquérito", completou.
Segundo a delegada, as mães relataram que o filme apresentou imagens de sexo explícito e influenciou na mudança de comportamento de algumas crianças. Uma das mães contou que a filha ficou agressiva e que não contou sobre o filme antes porque tinha medo de apanhar dos pais. Outra mãe reclamou que o filme deturpou as orientações sexuais que ela e o marido pretendiam passar para a filha num futuro próximo. "A gente estava esperando nossa filha crescer um pouco mais", disse a mãe. Segundo uma das mães, o professor teria dito em sala que as alunas já tinham idade para saber tudo sobre sexo. A maioria das alunas tem 11 anos de idade.
Para a delegada, a história precisa ser melhor apurada. "Vamos requisitar o filme, que será enviada à perícia. Vamos ouvir as crianças para saber exatamente o que elas pensam sobre a exibição do filme e para saber se a mudança de comportamento tem a ver com o filme ou com o natural desenvolvimento do adolescente. Ouviremos as mães, a direção da escola e o professor, para fazer sua defesa. É importante ouvi-lo para saber se o caso tem algum relacionamento ou não com pedofilia", declarou a delegada.
A diretora da escola, que se identificou como Clemira não quis comentar o caso. A Secretaria da Educação informou, em nota oficial, que a Diretoria Regional de Ensino de Rio Preto faz uma apuração preliminar para averiguar a conduta do docente em sala de aula.
"A diretoria da Escola Estadual Noemia Bueno do Valle já convocou os responsáveis dos alunos para uma reunião, que aconteceu na tarde dessa quinta-feira (24/05), para sanar eventuais dúvidas e explicar o procedimento averiguatório. Caso sejam constatadas irregularidades durante o processo pedagógico, as medidas cabíveis serão adotadas", informa a nota.
De acordo com a nota, o vídeo do filme A Guerra do Fogo foi exibido "como atividade extracurricular da disciplina de história e retrata a pré-história". "Embora a temática do filme não tenha conotação erótica, a diretoria de ensino esclarece que a exibição só é indicada para alunos do Ensino Fundamental Ciclo II (6º ao 9º ano) quando há uma edição prévia", conclui a nota.
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