Mano avalia olímpicos enquanto é avaliado pelo chefe
O técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, passou de avaliador a avaliado.
A série de quatro amistosos, que começa amanhã contra a Dinamarca, deveria ser uma prova para os 23 convocados, que lutam por 18 lugares na lista da Olimpíada.
Não deixa de ser. Mas virou também um teste para o professor, sob pressão pública e constante do presidente da CBF, José Maria Marin.
Nas próximas duas semanas, o time nacional enfrenta EUA, México e Argentina.
"Cobrança sempre vai ter", disse o lateral esquerdo Marcelo, ao se apresentar ontem no hotel em Hamburgo (ALE). "A gente sempre apoia o treinador, dá o máximo, faz de tudo para que ele fique."
Se os resultados da era Mano fossem computados num sistema de pontos corridos, o cenário seria positivo: 21 jogos, três derrotas, 72% dos pontos, o suficiente para ganhar um Brasileiro.
A seleção não perde há oito jogos, com oito vitórias. Por outro lado, o time fracassou sempre que foi exigido a sério: não passou pelo Paraguai nas quartas da Copa América e perdeu os amistosos mais duros, contra Argentina, França e Alemanha.
A troca de comando na CBF tampouco ajudou o treinador.
Imediatamente após o vexame dos pênaltis perdidos na Copa América, em julho do ano passado, Ricardo Teixeira tornou público seu respaldo ao técnico.
O mesmo ocorreu um mês depois, quando a seleção perdeu para a Alemanha. como visitante, na pior exibição sob o comando de Mano.
O ex-presidente ainda contratou o corintiano Andres Sanchez para ser diretor de seleções, alguém para servir de anteparo ao treinador.
José Maria Marin faz exatamente o contrário e afirma com frequência que a continuidade do técnico depende de resultados da equipe.
VETO A RONALDINHO
Há pouco mais de dois meses na presidência da CBF, Marin expôs Mano e Andres a constrangimentos impensáveis na era Teixeira.
Pediu para ver as convocações com 48 horas de antecedência, vetou o flamenguista Ronaldinho na Olimpíada e duvidou publicamente dos critérios adotados pelo treinador --disse conhecer "todos os truques".
"Pressão sempre vai ter, seleção é resultado", disse o zagueiro Thiago Silva, sobre as cobranças de Marin. "Tudo pode acontecer, a gente [jogadores] também pode não voltar mais à seleção."
O capitão disse que ainda não conversou com o cartola. "Mas, pelo que vi e li, ele parece ser uma pessoa tranquila, com quem se pode falar a respeito de todas as coisas."
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