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Agronegócios
Terça - 22 de Maio de 2012 às 06:57
Por: Welington Sabino

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Com pouca oferta de soja no mercado e demanda aquecida, o preço não para de subir e já atinge o valor histórico de R$ 56 a saca de 60 kg em Mato Grosso. O problema é que menos de 10% dos produtores vão usufruir dessa boa fase, porque a maioria já comercializou a produção logo no início da valorização da oleaginosa. Mas por outro lado, todos, inclusive os produtores de milho que enfrentam os preços baixos e dificuldade para comercializar a safra 2011/2012, vão desembolsar mais para arcar com os custos na produção da próxima safra, puxado principalmente pelos insumos, como o adubo, cujo preço está diretamente ligado ao valor de mercado das commodities.

Dados do Instituto Mato-grossense de Economia e Agropecuária (Imea) mostram que diante desse cenário, produtores já estão empenhados no planejamento da safra 2012/2013. A comercialização disparou no último mês comprometendo 45,2% da futura produção, algo que nunca tinha ocorrido nesta fase da produção. "O que puxou essa rápida negociação foi o interesse dos produtores em comprar os insumos o mais rápido possível, aproveitando as boas cotações da soja e evitando possíveis aumentos desses produtos futuramente", diz o boletim divulgado nesta segunda-feira (21) que já traz as últimas variações do mercado da soja ocorridas até sexta-feira (18).

Desde o início deste mês, o preço da saca da soja vem crescendo, já atinge 2,4% de aumento desde o início de maio, depois de fechar abril com alta de 9,8%. No município de Sorriso a saca encerrou em R$ 52,70. Em Nova Mutum fechou a semana em R$ 54,50, representando 2,7% de aumento, mas, segundo as tradings, foram fechados negócios de até R$ 56/sc, e em Rondonópolis, onde houve a menor alta, o preço fechou a semana a R$ 56,70/sc.

Apesar dessa valorização do grão ser recorde em Mato Grosso, que até então havia registrado a melhor fase em maio de 2004 quando a saca atingiu o preço máximo de R$ 45, mais de 90% dos produtores que não foram beneficiados estão preocupados com os custos dos insumos. "À medida em que a soja sobe, o preço do fertilizante também sofre reajuste. Esse aumento atinge também quem planta milho e arroz que estão com os preços estagnados e sem aumentos recentes. Todos vamos pagar mais caro pelo pacote da compra (fertilizantes, defensivos e sementes) para garantir a próxima safra", explica Antônio Galvan, produtor de soja e milho, em Sinop, região norte do Estado e também diretor da Associação do Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).

Conforme o Imea, em abril os custos de sementes, fertilizantes e defensivos somaram, para a próxima safra de Mato Grosso, R$ 1,059 mil por hectare, aumento de 13,7% em relação ao valor do último mês. Somente os fertilizantes tiveram valorização de 22,4%. Na prática, Galvan exemplifica que para o produtor adquirir 1 tonelada do adubo utilizado na plantação, ele precisa vender 22 ou 23 sacas de soja. "Essa proporção sempre se manteve, mas nos 2 últimos meses, o custo da safra futura já registra um percentual de alta que pode prejudicar parte dos produtores, principalmente aqueles que venderam os estoques antes da valorização da soja".

Milho - De acordo com o boletim do Imea, os preços do mercado de milho se mantiveram estáveis na semana passada e mesmo com a indisponibilidade do produto no mercado, esse cenário deve persistir enquanto a colheita não começa. O preço da saca de milho em todo o Estado obteve queda de 2%, chegando a atingir R$ 13,90 em Sorriso. A média dos preços no Estado é de R$ 14,56/sc, a menor desde 27 de outubro de 2010, quando a média chegou a valer R$ 13,75/sc.

Também produtor de milho, Antônio Galvan explica com esse preço baixo de comercialização, não será possível nem cobrir os custo da produção futura. Isso porque, segundo ele, a alta dos fertilizantes está diretamente relacionada ao preço da soja, fazendo com que outras culturas sejam obrigadas a arcar com prejuízo, caso não estejam num bom período para serem comercializadas. Compara que há 3 meses eram necessárias 60 sacas de milho para aquisição de 1 tonelada de fertilizantes, enquanto hoje a mesma quantidade do insumo consome 90 sacas.






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