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Cidades/Geral
Sexta - 11 de Maio de 2012 às 06:26
Por: Welington Sabino

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Familiares da dona de casa Letícia Benedita da Silva, 24, acusam a direção do Hospital Geral Universitário (HGU) e o médico Antônio Figueiredo de agirem com negligência colocando em risco a vida de Letícia que perdeu o bebê na última segunda-feira (07), mas até a tarde desta quinta-feira (10) permanece com o feto sem vida no útero, porque nenhum médico quis realizar uma cirurgia para retirar a criança morta. Também afirmam que para a vítima receber o Cytotec, abortivo de uso controlado receitado pelo médico, para induzir um parto natural e evitar um procedimento cirúrgico, precisaram acionar a imprensa e o Conselho Tutelar de Cuiabá nesta quinta-feira, e mesmo assim foram repreendidas por tornar público o fato que o hospital pretendia “abafar”.

Responsável por acionar a imprensa, a irmã da vítima, Claudinéia Aparecida da Silva Evaristo, 31, conta que antes de apelar para tal recurso, tentou sem sucesso relatar o fato para a supervisora do hospital, para que providenciasse o remédio para Letícia que ficou internada durante 3 dias sentindo dores e contrações, sem receber o medicamento. “Ao procurar saber por qual motivo o medicamento não havia sido aplicado ainda, ouvi de um plantonista, que a farmácia não havia liberado o remédio, porque é muito caro e no hospital existem funcionários que desviam o medicamento para vender de forma ilegal”, afirma Claudinéia bastante indignada e revoltada com o “descaso” que afirma que a irmã foi tratada.

Após receber o medicamento abortivo nesta quinta-feira, Letícia que entrava no 9º mês de gestação continua internada no HGU com o feto sem vida no útero. Os médicos pretendem esperar para que ela possa expelir o bebê morto até esta sexta-feira. Contudo, familiares estão com medo de acontecer algum imprevisto. “ O médico disse que seria aconselhável evitar uma cesariana, para tentar reduzir o trauma da minha irmã já ter perdido o filho e ainda ter que olhar para a cirurgia na barriga e não ter o bebê em seu colo. Até entendo essa preocupação, só não concordo com o fato de não terem aplicado o remédio no dia recomendado, e deixarem minha irmã sem assistência. Só conseguiram o medicamento porque acionamos a imprensa e o Conselho Tutelar”, afirma.

Claudinéia disse ainda que a supervisora do HGU, cujo nome ela não soube informar, a repreendeu por ter acionado a equipe da TV Record. “Ela me disse que eu devia procurar ela antes, porque tem muitas coisas que são resolvidas dentro do hospital”, garante completando que procurou alguém da supervisão do hospital durante toda a manhã desta quinta-feira e não encontrou ninguém. “Na portaria ainda me disseram que se eu saísse para falar com a imprensa, não poderia entrar novamente. Eles só permitiram que eu retornasse porque mencionei o fato ao repórter José Porto e ele pediu ao cinegrafista para registrar tudo com a câmera ligada até eu entrar novamente”, conta.

Entenda o caso

Letícia Benedita da Silva é moradora do bairro São Gonçalo, em Cuiabá e sempre realizou o acompanhamento da gravidez no HGU e na segunda-feira após sentir dores e contrações procurou o hospital. Foi atendida pelo médico Antônio Figueiredo que sem a examinar disse que as dores eram normais e não a examinou. Receitou apenas um medicamento para segurar o bebê. Ao sair do hospital Letícia passou mal e acionou a irmã que saiu do serviço para ajudá-la. Somente após sua insistência é que o médico examinou sua irmã e percebeu a ausência de batimentos cardíacos do bebê internando Letícia. Então solicitou uma ultra-sonografia que constatou a morte da criança. Outro exame confirmou a morte por taquicardia, uma espécie de sofrimento fetal porque o bebê se bateu muito até morrer. Seria o quinto filho da dona de casa.

A entrevista com todos os detalhes do drama vivido por Letícia e seus familiares foi concedida ao jornalista José Porto, da TV Record Cuiaba e será exibida no programa Cadeia Neles desta sexta-feira (11).

Outro lado

Ao GD, o supervisor de enfermagem noturno do HGU, Enzio Luiz Borba Poleto, negou todas as denúncias. Disse que o remédio não está em falta no hospital e que foi receitado na noite desta quarta-feira para ser aplicado nesta quinta-feira (10). Também afirmou desconhecer a existência de funcionários que furtam o medicamento para vender. “O Cytotec é um medicamento de uso restrito, por isso existe um rigor em seu uso. Cheguei a conversar com a irmã da paciente e expliquei a ela como as coisas funcionam”. Enzio classificou as denúncias como “um equívoco” se limitando a esclarecer que trabalha à noite, e que outros detalhes devem ser esclarecidos pela direção do hospital e pelo médico Antônio Figueiredo.






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