O delegado Arlindo José Negrão Vaz, da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), afirmou nesta quinta-feira (10) que indiciou o presidente da Gaviões da Fiel, Antônio Alan Souza Silva, o Donizete, por crimes relacionados às mortes de dois palmeirenses ocorrida em 25 de março. Ele foi indiciado por homicídio, lesão corporal e formação de quadrilha.
Após permanecer uma semana foragido, Donizete se apresentou por volta das 15h no 77º Distrito Policial, na Santa Cecília, região central da capital paulista. O dirigente teve a prisão temporária decretada na quinta-feira (3). Durante o depoimento, que terminou por volta das 20h30, o dirigente da organizada negou relação com as mortes.
O delegado diz que ainda há outros cinco torcedores do Corinthians considerados foragidos. Eles tiveram a prisão decretada no começo de abril, não foram localizados, e tiveram o pedido de prisão prorrogado.
Ainda antes de ser interrogado, Donizete falou na entrada da delegacia. "Não devo nada, a justiça será feita", disse. Ao ser transferido, Donizete voltou a negar ter participado da briga. "Eu estava em casa", disse.
O advogado Ricardo Cabral disse que tem ao menos 10 testemunhas que podem atestar que Donizete não estava na região do confronto no dia em que houve as mortes. Para o delegado responsável pelo inquérito, a responsabilidade do presidente da Gaviões está ligada ao fato de ele saber que a briga ocorreria. “Testemunhas ouvidas pela investigação afirmam que o presidente sabia que o confronto estava marcado. A diretoria teria comprado rojões e conseguido pedaços de paus e barra de ferro para serem utilizados nessa briga”, disse o delegado.
A defesa afirma ainda ter protocolado um pedido de revogação da prisão na quarta-feira (9). De acordo com o defensor de Donizete, a opção do presidente por se entregar foi comunicada a juíza Laura de Matos Almeida, que na semana passada decretou a prisão do presidente da Gaviões.
Segundo o advogado, Donizete soube da decretação da prisão na segunda-feira (7), quando retornou de uma viagem feita com a torcida organizada a Colômbia para acompanhar o jogo do Corinthians pela Libertadores.
Detidos
Quatro integrantes da Gaviões estão presos por suspeita de participarem do assassinato de dois membros da Mancha. Três jáforam indiciados pelo crime. Entre os investigados está Douglas de Ungaro, o Metaleiro, ex-presidente da torcida.
A briga de março ocorreu durante o deslocamento das torcidas do Corinthians e do Palmeiras na Avenida Inajar de Souza em direção ao estádio do Pacaembu, na Zona Oeste.
Palmeirenses
Na segunda-feira (7), a juíza Leyla Maria da Silva Lacaz, da 14ª Vara Criminal da Barra Funda, recebeu a denúncia contra Lucas Alves Lezo, vice-presidente da Mancha. Lucas Lezo é réu preso no processo que responde na Justiça por posse de arma. Ele foi detido em flagrante em abril por não ter autorização para portá-la.
O dirigente da Mancha também foi indiciado com outros dois palmeirenses pela Decradi por suspeita de envolvimento no assassinato de um corintiano ocorrido em agosto de 2011. Para a investigação, o confronto deste ano na Avenida Inajar de Souza teria sido marcado pela internet para vingar a morte de Douglas Karin Silva, que era ligado a Gaviões. Na semana passada, os dois membros da organizada foram soltos pela Justiça, mas Lucas continuou preso por que responde pelo crime de porte de arma.
Lucas é irmão de Andre e de Tiago Lezo. Tiago também chegou a ser preso e indiciado por formação de quadrilha porque teria participado da briga de março, mas foi solto após decisão judicial. Andre, seu irmão gêmeo, morreu no confronto entre torcidas rivais em março. Outro membro da Mancha, Guilherme Moreira, também foi morto.
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