Alteração pode sinalizar várias doenças oculares, entre elas o glaucoma congênito que responde por 20% da cegueira infantil.
Lacrimejamento pode indicar risco de cegueira em bebês
O glaucoma congênito é apontado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a principal causa da perda definitiva da visão na infância. Responde por 20% da cegueira entre crianças apesar de incidir em apenas 0,05% dos recém-nascidos. A doença está crescendo no Brasil por conta do aumento de partos prematuros que favorecem as malformações.
De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, o lacrimejamento constante entre bebês é o primeiro sinal da presença do glaucoma.
Em metade dos casos, comenta, o glaucoma congênito está associado à hereditariedade. É caracterizado por um defeito no desenvolvimento da malha trabecular que dificulta a drenagem do humor aquoso, líquido que preenche o globo ocular. Isso faz a pressão intraocular subir e provoca lesões no nervo óptico que causam cegueira irreversível.
A boa notícia é que o diagnóstico pode ser feito logo após o nascimento pelo teste do olhinho. Queiroz Neto explica que o exame obrigatório em 11 estados do Brasil é feito com um oftalmoscópio, equipamento parecido com uma lanterna. Em uma sala escurecida o médico foca a luz nos olhos do bebê. Caso haja qualquer problema o olho reflete uma luz vermelha.
O especialista destaca que além do lacrimejamento constante, outras alterações que sinalizam a presença do glaucoma congênito são:
· Córnea esbranquiçada e maior que o normal.
· Crescimento do olho.
· Fotofobia (aversão à luz).
· Irritabilidade.
A recomendação aos pais é verificar se o filho passou pelo exame que tem condições de ser realizado em qualquer hospital.
TRATAMENTO
“Entre crianças a o único tratamento definitivo do glaucoma é a cirurgia que deve ser feita imediatamente após o diagnóstico”, afirma. No procedimento o cirurgião faz uma abertura na malha trabecular para aumentar a drenagem do humor aquoso. “A cirurgia controla a pressão intraocular de 80% a 90% das crianças com idade menor que 1 ano”, ressalta.
OUTRAS DOENÇAS
O lacrimejamento entre bebês também pode ser causado pela obstrução do canal lacrimal que atinge cerca de 6% dos recém-nascidos. Queiroz Neto explica que isso acontece porque uma membrana que ao nascer se rompe na via lacrimal, permanece fechada. A dificuldade de escoamento predispõe à conjuntivite bacteriana e à triquíase, cílios voltados para dentro. O excesso de lágrima pode ainda diminuir a acuidade visual e facilitar o desenvolvimento da ambliopia ou olho preguiçoso, maior causa de cegueira monocular entre crianças, por funcionar como um bloqueio à visão durante a fase de desenvolvimento visual.
O tratamento da obstrução lacrimal é feito com massagem 3 vezes ao dia no canto interno do olho. Consiste em pressionar um dedo na direção do nariz com movimento descendente para facilitar a drenagem. Em até 96% dos casos, comenta, o canal lacrimal é desobstruído antes de um ano. Quando isso não acontece é necessário realizar cirurgia. O procedimento conhecido como sondagem, consiste em introduzir um fio no sistema de drenagem lacrimal e irrigar o nariz com fluido.
Lacrimejamento em adultos
Os adultos também podem sofrer com lacrimejamento contínuo. Queiroz Neto diz que as causas mais comuns são olho seco, instabilidade do filme lacrimal e blefarite (inflamação da pálpebra). O problema é mais comum entre mulheres. Isso porque, além das flutuações dos hormônios sexuais estarem associadas à alteração no filme lacrimal, a mulher tem mais contato com cosméticos que interferem na lubrificação dos olhos. As recomendações do médico são:
· Incluir óleo de linhaça na dieta.
· Limpar as pálpebras com cotonete embebido em shampoo infantil.
· Diariamente aplicar nas pálpebras fechadas 2 a 3 compressas quentes feitas com água filtrada
· Massagear a pálpebra com movimentos circulares e horizontais 2 vezes por semana.
· Interromper o uso de lente de contato.
· Manter o corpo hidratado bebendo 2 litros de água por dia.
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