"Eu usei Michel Teló como uma avenida", afirma rapper Pitbull
Dezenas de jornalistas se acotovelam para conseguir uma foto de Will Smith e Josh Brolin na entrada do hotel Ritz-Carlton, em Cancún.
Os valets e carregadores de mala não demonstram interesse no alvoroço. Até ouvirem o apresentador anunciar a presença do rapper Pitbull.
Em segundos, celulares são tirados do bolso e a bancada, que serve para guardar as chaves dos carros dos bacanas, vira apoio. A reação é simbólica. Pitbull é a cara do povão, um latino-americano com dinheiro no bolso que reina na música pop atual.
Filho de uma cubana stripper e de um americano envolvido com drogas, Armando Christian Perez, 31, escolheu o nome artístico Pitbull porque o cão é "estúpido demais para perder uma briga".
E ele se meteu em muitas desde que foi expulso de casa por ter seguido a carreira do pai até a falência da sua gravadora, a TVT Records, após o fraco desempenho do disco "The Boatlift" (2007).
"Minha carreira sempre foi uma luta, mas eu gosto assim", revela o rapper à Folha. O fracasso o levou para a poderosa Ultra, que banca artistas de eletrônica como Deadmau5 e David Guetta. O quarto álbum, "Rebelution" (2009), mudou o panorama.
"I Know You Want me (Calle Ocho)" alcançou a vice-liderança das paradas americanas, vendeu mais de 2,5 milhões de cópias no iTunes e transformou Pitbull em um monstro de rádios e pistas.
O sucesso alertou os críticos, inconformados com o uso exagerado de samples no estilo pancadão coxinha do rapper. Pitbull não se incomoda: "Como dizem, todo grande artista é um ladrão".
Foi assim, "pegando emprestado", que ele ressuscitou a carreira de Jennifer Lopez ao samplear a canção "Llorando se Fue" --mais conhecida no Brasil por "Chorando se Foi", do Kaoma, de 1989. Ele a transformou em "On the Floor", comprada 3,4 milhões de vezes pelo iTunes.
"Minha música é universal. Estou ouvindo novos sons o tempo todo", resume Pitbull. Nesta busca global, ele se deparou com Michel Teló. "Pensei que era um fenômeno brasileiro, mas todo mundo ficava louco quando eu tocava "Ai Se Eu te Pego" nos clubes."
Pitbull procurou Teló para um remix e lançou a versão nos EUA em fevereiro. "Eu usei Teló como uma avenida de duas mãos. Vi os movimentos dele e apliquei na minha dança. E ele conseguiu o topo da Billboard."
"É uma troca legal", confirma o cantor brasileiro. "Pitbull é inteligente, focado no seu público e um grande reconhecedor de hits."
"Não sou apenas um músico, sou um homem de negócios", exalta Pitbull, que é patrocinado por Kodak, Bud Light, a vodca Voli e o refrigerante Dr. Pepper.
Seus rendimentos em 2011 chegaram a US$ 6 milhões (R$ 11,5 milhões) e aumentarão com a estreia de "Homens de Preto 3", no dia 25, em que canta a música-tema, "Back in Time". "Minha marca é transparente e bem cuidada. Em três anos, estarei em outro patamar."
Não duvide. Neste caso, cão que ladra morde.
O jornalista viajou a convite da Sony.
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