Circuito destaca problemas com ferrugem nas lavouras de soja
Os prejuízos ocorridos nas lavouras de soja em Mato Grosso nesta safra, por conta da ferrugem asiática, podem chegar até a R$ 1 bilhão. O avanço da doença no estado e as alternativas para o combate foram amplamente debatidos durante o Circuito Aprosoja, realizado na noite desta segunda (07), no Sindicato Rural de Sinop, região norte de Mato Grosso.
A região foi uma das mais afetadas pelo fungo, que ataca a soja, causando a ferrugem asiática. Os problemas associados à doença e ao clima contribuíram para baixar a produção da safra 2011/12, antes estimada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) em 22 milhões de toneladas, para 21,3 milhões de toneladas.
A ferrugem trouxe ainda reduções na produtividade, que é o resultado final do que o agricultor colhe por hectare plantado. A média este ano no estado ficou em aproximadamente 3.000 kg por hectare ou 50 sacas por hectare. Na safra passada, os agricultores de Mato Grosso obtiveram uma produtividade média de 53 sacas por hectare.
O diretor da Aprosoja, Antônio Galvan, destacou que a produtividade nas lavouras da região norte reduziu em mais de 10% se comparado à safra passada. “Perdemos em média de sete a dez sacas por hectare na região”, ressaltou Galvan.
Segundo o presidente da Aprosoja, Carlos Fávaro, a severidade da ferrugem asiática nas lavouras de Mato Grosso só tinha sido vista assim no início dos anos de 2000. “Tivemos anos muito tranquilos de controle da ferrugem e este ano o clima foi muito propício. Ocasionando em uma proliferação maior do fungo nas lavouras. As perdas são calculadas em cima do que o agricultor deixou de colher e com os custos redobrados para aplicação de fungicidas”, disse Fávaro.
O coordenador da Comissão de Defesa Sanitária Vegetal de Mato Grosso, Wanderlei Guerra, enumera alguns fatores que podem ter contribuído para um ataque mais severo da doença nesta safra no estado. “Sem dúvida as condições climáticas nesta safra foram mais favoráveis ao fungo do que nos dois últimos anos. Tivemos um excesso de chuvas e muita nebulosidade, o que ocasiona o clima úmido, ideal para proliferação do fungo, e dificulta as aplicações. A tranqüilidade dos anos anteriores também pode ter sido um fator de descuido por parte de alguns produtores e técnicos. Além disso, não descartamos a eficiência de alguns produtos utilizados no combate à ferrugem”, frisou Guerra.
Carlos Fávaro comentou ainda que a Comissão de Gestão da Produção reuniu-se nesta segunda em Sinop para traçar algumas metas a fim de controlar a doença e evitar que ela se alastre ainda mais, trazendo prejuízos ainda maiores aos agricultores. “O problema da ferrugem está longe de ter sido solucionado em Mato Grosso, apesar de tantas tecnologias existentes no mercado. Um descuido pode ocasionar prejuízos de bilhões de reais. Por isso o produtor deve ficar atento ás orientações da Aprosoja e dos técnicos da Embrapa e de outros institutos e fundações de pesquisa”, destacou o presidente da Aprosoja.
Wanderlei Guerra relaciona algumas medidas que podem ser adotadas pelo produtor no combate à ferrugem: permanecer sempre alerta e nunca descuidar da lavoura, pois um ano pode ser diferente do outro, sobretudo por conta dos fatores climáticos. Seguir rigorosamente as recomendações técnicas. Destruir adequadamente as plantas tigueras – que são aquelas nascidas espontaneamente após a colheita. Respeitar o período de vazio sanitário, que começa em 15 de junho e vai até 15 de setembro de cada ano. E realizar todas as aplicações necessárias, incluindo uma última já próxima à data da colheita.
CIRCUITO APROSOJA – O evento iniciou esta semana em Sinop e vai percorrer mais cinco cidades localizadas ao longo da BR-163, na região Norte. O objetivo principal é levar informações estratégicas, por meio de palestras orientativas, auxiliando o produtor no planejamento da próxima safra. Nesta terça, o Circuito ocorre na cidade de Vera, às 9h, e em Sorriso, às 18h. Confira a programação completa no endereço www.circuitoaprosoja.com.br
O Circuito Aprosoja é uma realização da Aprosoja e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e conta com o patrocínio das empresas Intacta, Syngenta, Basf, Banco do Brasil e Sicredi.
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