ElBaradei funda novo partido político no Egito
O ex-líder reformista Mohamed ElBaradei lançou hoje um novo partido político no Egito. Segundo ele, o partido foi criado para unir os egípcios e salvar a revolução do país de uma transição democrática confusa. O Partido da Constituição marca o retorno à vida pública de ElBaradei, que declarou em janeiro que não concorreria à presidência e que uma eleição justa seria impossível durante o período de transição.
A retirada de ElBaradei quatro meses antes do início das eleições presidenciais foi um golpe para grupos liberais e de esquerda que estavam por trás dos levantes que depuseram Hosni Mubarak no ano passado. Muitos desses grupos, que viam em ElBaradei um candidato para suas reivindicações democráticas no país, foram derrotados nas urnas nas primeiras eleições parlamentares após os levantes. Os grupos islâmicos, inclusive a poderosa Irmandade Muçulmana e o popular ultraconservador Salafi, emergiram como grandes vencedores naquelas eleições, conquistando 70% dos votos.
ElBaradei, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho como chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, disse que um grupo político organizado é necessário para unir os egípcios e preparar a juventude que estava nas manifestações para um futuro político. "Esperamos começar, por meio deste partido, a construir o país com base na democracia e na justiça", disse.
Também hoje, o partido fundamentalista islâmico linha-dura Al-Nur anunciou sua decisão de apoiar um ex-integrante moderado da Irmandade Muçulmana, Abdel Moneim Abol Fotouh, nas próximas eleições presidenciais. Abol Fotouh foi expulso do movimento no ano passado. Visto como moderado, ele tem o apoio de muitos integrantes jovens do grupo, que se opõem à atitude conservadora da Irmandade Muçulmana. Além disso, é bem visto por muito jovens que participaram dos levantes que derrubaram Mubarak.
A decisão do Al-Nur, que tem cerca de 20% das cadeiras do parlamento, pode causar problemas para o candidato oficial da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, que corre o risco de perder grande parte dos votos islâmicos. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.
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