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Polícia Brasil
Sexta - 27 de Abril de 2012 às 19:12

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O ex-diretor da Delta Construções, Claudio Abreu, o vereador de Anápolis Wesley Silva (PMDB) e outras duas pessoas presas na Operação Saint-Michel foram transferidos nesta sexta-feira para a penitenciária da Papuda, em Brasília. Os quatro suspeitos aguardavam a transferência no Departamento de Polícia Especializada (DPE), de acordo com informações divulgadas pela Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP) da Polícia Civil do Distrito Federal.

Para a transferência, a Polícia Civil armou um forte esquema de segurança que chegou a fechar as vias de acesso ao DPE. A Operação Saint-Michel é um desdobramento da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que prendeu, no final de fevereiro, o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, suspeito de envolvimento com jogos ilegais. Cachoeira também está preso na Papuda desde a semana passada.

Claudio Abreu aparece nas gravações feitas pela Polícia Federal, em conversas com Carlinhos Cachoeira e outros integrantes do grupo liderado pelo empresário, discutindo os supostos pagamentos de propinas e tentativas de fraudes em licitações.

Na quinta-feira, a defesa de Claudio Abreu chegou a apresentar um pedido de relaxamento de prisão em caráter liminar, que foi negado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Falta ainda o julgamento do mérito do pedido, que não tem data marcada para ocorrer. No pedido, o advogado Roberto Pagliuso alega que não há motivos para a prisão já que Abreu, segundo ele, vem colaborando com as investigações.

Cláudio Abreu foi preso na última quarta-feira, na operação que atingiu Brasília, São Paulo, Anápolis e Goiânia. As operações Monte Carlo e Saint-Michel investigam gravações telefônicas que indicam o envolvimento de políticos e empresários com o grupo de Cachoeira.

Nesta semana, uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) foi instalada no Congresso Nacional para investigar o suposto esquema que envolve o favorecimento da Delta Construções, empresa que mantém contratos com o governo federal, e ainda o envolvimento de empresários e políticos com Cachoeira.

 

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.





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