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Domingo - 22 de Abril de 2012 às 12:28
Por: RAPHAEL RAMOS

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Não é de hoje que personagens boleiros estão nas telas do cinema e da televisão brasileira. Mas, durante muitos anos, na tentativa de impressionar os telespectadores com jogadas de efeito e lances cheios de ginga e habilidade, era comum os diretores de produção terem de recorrer a dublês. Hoje, a história mudou. Antes de gravar, os atores passam horas a fio tendo verdadeiras aulas de futebol a fim de deixar as cenas o mais próximo da realidade possível. E o professor dessas estrelas é Cláudio Adão, de 56 anos, ex-jogador com passagens pelos principais clubes do País.

 

Na sua lista de alunos estão nomes como Rodrigo Santoro, que viveu o botafoguense Heleno de Freitas no cinema, Murilo Benício e Cauã Reymond, escalados como jogadores em Avenida Brasil, novela das nove da Rede Globo.

O seu primeiro trabalho na área foi em 1999, quando orientou a atriz americana Amy Irving antes das filmagens de Bossa Nova, dirigido por Bruno Barreto. "Entrei nessa por causa da minha família. O Bruno é meu cunhado", conta Adão.

Ele é casado há 33 anos com Paula, filha dos produtores Lucy e Luiz Carlos Barreto, responsáveis por filmes de grande sucesso. O início do seu namoro com Paula, inclusive, é bastante curioso. Adão estava no auge da carreira no Flamengo e Paula era atleta de saltos ornamentais do Fluminense. "Eu ia vê-la treinar nas Laranjeiras, entrava no clube de carro e ninguém percebia. Mas um dia os caras me descobriram e falaram: "O que esse cara está fazendo aqui?" Demorou um pouco, mas depois eles se acostumaram comigo", diz.

Depois de Bossa Nova, Adão trabalhou em outro filme dos Barreto: O Casamento de Romeu e Julieta, em 2005. Ali, sua missão foi ensinar noções básicas de futebol a Luana Piovani, que interpretava a capitã do time de futebol feminino do Palmeiras e se apaixonou por um corintiano fanático. "Foram três meses de aula, em dois períodos. Trabalhamos na praia e na grama", relembra Adão.

Quem também suou muito nas mãos do ex-jogador foi Rodrigo Santoro. Heleno de Freitas não era fácil de ser interpretado no cinema apenas por ser um homem de temperamento explosivo que frequentava as altas rodas da alta sociedade carioca e acabou a vida em um sanatório em Barbacena, Minas Gerais. Ele era um galã também nos gramados. Desfilava talento com uma postura sempre elegante.

Santoro, porém, é o "chamado peladeiro de fim de semana" e quando se apresentou às aulas já tinha alguns conhecimentos prévios de como se comportar diante das câmeras. "É bem mais complicado quando você pega um ator cru e tem de passar todos os fundamentos. Para um cara que nunca jogou bola, você tem de ensinar ele a chutar, fazer os movimentos, as gingas e até a correr", diz Adão.

A dedicação de Santoro também ajudou muito durante as filmagens. "Depois do treino, em casa, fazíamos a cópia do material filmado para o computador e, então, podíamos ver como estava, do ponto de vista estético também, cada tipo de jogada. Como filmamos muita coisa em câmera lenta, ficava fácil perceber se uma matada no peito estava na altura certa, se a postura dos braços nos voleios poderia melhorar para não cobrir o rosto de um certo ângulo, ou se algum giro de corpo ainda não estava bacana", conta Dirceu Lustosa, cineasta e amigo do ator.

Gírias e samba. Mas nem todo ator é "peladeiro". A praia de Cauã Reymond, que interpreta Jorginho em Avenida Brasil, por exemplo, nunca foi o futebol, e sim o surfe. Mas se faltava talento com a bola nos pés, o ator tinha uma vantagem: seu preparo físico. "Quando o aluno está bem fisicamente, isso ajuda bastante porque os treinos são puxados. Eles chegam empolgados para trabalhar, mas a gente já avisa que jogar bola é difícil. É como fazer musculação, fica todo dolorido no dia seguinte", diz Adão.

As aulas a Cauã não se limitaram a técnicas para tentar transformá-lo em um jogador profissional, pelo menos diante das câmeras. Adão passou a ele gírias, costumes e até que tipo de brincadeira os atletas costumam fazer entre eles. "Ele me aproximou do gosto musical dos jogadores de futebol. Foi aí que comecei a escutar as músicas do Exaltasamba e do Arlindo Cruz", conta o ator, que também teve aulas com os professores do CFZ (Centro de Futebol Zico).






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