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Internacional
Sábado - 21 de Abril de 2012 às 17:45
Por: ARIEL PALACIOS

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"E logo, beijando-a na testa, com grande tranquilidade, amavelmente, lhe desferiu trinta e quatro punhaladas." Esses são os versos finais do tango Amablemente (Amavelmente), do compositor e cantor Edmundo Rivero. A letra ilustra bem o comportamento inconstante dos governos do ex-presidente Néstor Kirchner e de sua sucessora Cristina Kirchner com a Petrobrás, empresa do principal parceiro estratégico da Argentina, que desembarcou no país em grande estilo em 2002, quando adquiriu os ativos da Pérez Companc (Pecom), então a última grande empresa privada do setor energético da Argentina que ainda estava em mãos nacionais.

 

Na época, a compra quase foi a pique pela oposição do presidente provisório Eduardo Duhalde (2002-2003). No entanto, depois de ter driblado os obstáculos, a Petrobrás também teve problemas com o sucessor de Duhalde, Néstor Kirchner (2003-2007), que também preferia que empresários argentinos amigáveis com o governo controlassem os ativos adquiridos pela empresa brasileira.

Em 2004, Kirchner exigiu que a Petrobrás Energia - nome da subsidiária argentina - colocasse os fundos que faltavam para a conclusão da ampliação do gasoduto San Martín, que liga o sul da Argentina com a Grande Buenos Aires. Nervoso, durante um encontro com o então chanceler Celso Amorim, Kirchner esbravejou duramente sobre o assunto. A crise só foi suspensa graças à intervenção do BNDES, que enviou os fundos exigidos pelo presidente. Na sequência, Kirchner fez longos elogios à capacidade tecnológica da Petrobrás e à associação estratégica com o Brasil.

Um ano depois, a Petrobrás Energia começou a sofrer pressões de Kirchner para vender a participação na Transener (companhia responsável pela maior parte da distribuição da energia elétrica no país). A empresa retrucou, afirmando que no contrato a venda dessas ações era "voluntária" e sem prazo determinado. Mas Kirchner continuou pressionando e a Petrobrás teve de colocar as ações à venda. A opção da empresa era vender às ações à americana Eton Park.

No entanto, o presidente argentino bloqueou a operação e forçou a venda à empresa argentina Electroingeniería, de empresários vinculados aos Kirchners.

O ano de 2012 começou com novos problemas, pois a Petrobrás - junto com outras companhias petrolíferas - foi acusada por Cristina Kirchner de "cartelização de preços". As companhias foram ameaçadas com a aplicação da "Lei do Abastecimento", que pune as empresas que sejam consideradas responsáveis por alta de preços e desabastecimento. A lei permite que o governo confisque mercadorias, coloque executivos na prisão e feche empresas.

Mais investimentos. No dia 7 de março, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reuniu-se em Buenos Aires com o ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido, e com a presidente Cristina. Na ocasião, Lobão declarou que Cristina havia pedido "mais investimentos da Petrobrás na Argentina".

Lobão relativizou a venda de 365 postos de gasolina (de um total de 565 postos) e de uma refinaria da Petrobrás na Argentina realizada em 2010: "Sim, a empresa reduziu sua presença aqui... mas pode voltar a aumentar nossa atuação!"

Essa foi a segunda vez em menos de um mês que o governo Kirchner pediu "mais investimentos" da Petrobrás na Argentina. Em fevereiro, o ministro De Vido havia estado em Brasília com o mesmo pedido. Na segunda-feira, no discurso em que anunciou a expropriação da YPF, a presidente citou a Petrobrás como modelo de sociedade anônima. Ela também sugeriu, muito superficialmente, a necessidade de uma "parceria" com a empresa brasileira na YPF.

Ontem, De Vido, o braço direito de Cristina na área energética, esteve no Brasil e se reuniu com o ministro Lobão e com a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster. No encontro, De Vido pediu mais investimentos da Petrobrás na Argentina.






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