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Sábado - 21 de Abril de 2012 às 07:26
Por: KAMILA ARRUDA

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O senador Aécio Neves (PSDB) aproveitou o encontro estadual da sigla em Cuiabá, nesta semana, para iniciar sua campanha visando às eleições para presidente da República em 2014.

Mesmo defendendo a realização de prévias e não admitindo a pré-candidatura por acreditar que é um equívoco antecipar o processo eleitoral, o parlamentar endureceu o discurso e teceu diversas críticas ao governo petista.

Para ele, o governo do PT, que se perdura por mais de oito anos, não teve ousadia nem capacidade para realizar reformas políticas e tributárias necessárias para o progresso do Brasil.

Além disso, o senador acrescenta que o PT perdeu grandes oportunidades, e ainda não propôs uma nova agenda para o país. Por isso, “cabe ao PSDB propô-la”.

O tucano foi a atração principal do evento que lotou o Cenarium Rural na última quinta-feira (19). Na oportunidade, ele reiterou o apoio da Executiva nacional à pré-candidatura do deputado estadual Guilherme Maluf à prefeitura de Cuiabá.

Segundo ele, este é o momento de se buscar novas alianças para fortalecer a sigla no município. Além de partidários, políticos de legendas ‘aliadas’ também marcaram presença e manifestaram apoio a Maluf.



Diário de Cuiabá - O motivo da sua visita a Cuiabá é o anúncio da pré-candidatura do deputado estadual Guilherme Maluf para a prefeitura?

Aécio Neves - Na verdade, o PSDB tem feito vários encontros regionais de mobilização das suas bases para as próximas eleições. E aqui nós temos o privilégio de ter o nome colocado da qualidade do Guilherme Maluf, mas, ao mesmo tempo, é o momento de redefinir as estratégias e discurso do PSDB. Nós estamos fazendo um grande esforço, com a participação do presidente Sérgio Guerra e do secretário Rodrigo de Castro, de renovar o discurso do PSDB, de apresentar uma nova agenda para o Brasil. Na verdade, esse é o nosso desafio. O PSDB não é um partido que disputa secundariamente a cena política brasileira. Nós temos um projeto nacional, e é óbvio que para isso as nossas vitórias municipais são essenciais, mas é muito importante que unifiquemos o nosso discurso em relação à Saúde Pública, à Segurança Pública, à gestão do Estado, contra a este aparelhamento absurdo e contra a esta ineficiência do governo do PT. Então, é um momento das lideranças do partido e também dos partidos aliados, mas buscando também renovar o nosso discurso e atualizá-lo faces às novas demandas da sociedade brasileira.



Diário - O partido tem alguma determinação nacional para as eleições municipais de outubro deste ano?

Aécio - Nós temos deixado sempre a cargo das direções municipais e estaduais a condução dos processos eleitorais locais. Quando houver impasse, obviamente, a direção nacional irá arbitrar, mas temos estimulado, onde temos candidaturas competitivas, como é o caso de Cuiabá, o lançamento dessas candidaturas, porque elas dão visibilidade ao partido e também às propostas nacionais do partido. Os nossos candidatos cuidarão dos problemas da cidade, mas também demonstrarão que têm ideias nacionais, que têm conexão com a realidade dos seus estados. Os nossos candidatos também vão estar discutindo as questões da Saúde Pública, da Infraestrutura. Eu acho que é desta forma que o PSDB tem que ser visto, como um partido que teve a coragem de há 20 anos propor a agenda que ainda está em curso no Brasil. É o partido que tem autoridade para apresentar a nova agenda para os próximos 20 anos.



Diário - Como o senhor avalia o cenário político de Cuiabá para as eleições?

Aécio - É claro que essa avaliação será feita com muito mais correção pelas lideranças da própria cidade, mas o que eu percebo com muita clareza é que o PSDB passa por um processo de renovação, de fortalecimento, sob o comando do deputado federal Nilson Leitão, que é uma das lideranças mais expressivas do partido no Congresso Nacional. Em Cuiabá, em especial, temos o nome colocado do deputado Guilherme Maluf, com todas as condições de disputar, com grandes chances nessa eleição. Além disso, a candidatura dele, de alguma forma, inspira outras candidaturas em outras cidades. O PSDB, acredito, vai crescer no Estado e tem que se preparar para a luta futura, ao lado, obviamente, dos aliados que estiverem dispostos a caminhar ao nosso lado. Nós, do PSDB, somos muito gratos ao povo de Mato Grosso, pelas vitórias que tem nos dado nas últimas eleições nacionais. Mesmo sem ter tido êxito nas municipais e estaduais, o PSDB venceu as últimas eleições presidenciais no Estado, na verdade, nas últimas cinco eleições presidenciais em Mato Grosso, e nós queremos continuar neste caminho. De alguma forma, estamos tratando da eleição municipal, mas apresentando o partido em geral como a principal alternativa de poder a projeto do PT, que, a meu ver, exauriu-se, cansou e perdeu a capacidade de iniciativa.



Diário - Como se encontra o PSDB, tendo em vista que já esteve à frente tanto do governo do Estado quanto da prefeitura, e hoje é considerado por muitos uma sigla enfraquecida em Mato Grosso?

Aécio - O PSDB já teve oportunidades importantes aqui em Mato Grosso e Cuiabá com o governo e a prefeitura, mas a política é cíclica, você ganha e você perde. Agora, é muito importante que, mesmo quando você é derrotado, mantenha a força, a coerência e a coesão do seu grupo para fazer o contraponto. A democracia de oposição é tão importante quanto ser governo. O PSDB não venceu as últimas eleições para o governo do Estado, mas tem todas as condições de se preparar e disputá-las com chances em 2014. Mas, para isso, é muito importante que tenhamos vitórias expressivas, como, por exemplo, a que esperamos ter em Cuiabá.



Diário – O ex-prefeito Wilson Santos deixou seu mandato de prefeito para disputar a eleição ao governo. Como o senhor observa essa atitude?

Aécio - Não tenho como fazer avaliação. Os homens públicos, na verdade, são, muitas vezes, reféns das circunstâncias que o cercam. Naquele momento, havia um sentimento de que ele poderia dar continuidade a este trabalho no governo do Estado. Mas essa é uma avaliação que não cabe a mim fazer. Wilson é um grande companheiro e espero que todos possamos concluir a reconquista do governo, começando pela prefeitura.



Diário - A sua candidatura à Presidência da República em 2014 já é certa dentro do PSDB?

Aécio - Nós não temos que antecipar o processo eleitoral, é um equívoco fazê-lo. Hoje, nós temos como prioridade a reorganização do partido para as eleições deste ano e, ao mesmo tempo, a renovação de discurso do PSDB. Essas são as prioridades para este ano. A partir de 2013, aí, sim, nós vamos ter a nossa estratégia para as eleições de 2014. Eu defendo as prévias partidárias, que nós chamamos de primárias, como instrumento de mobilização do partido. Eu defendo que as bases do partido sejam ouvidas na predefinição dos candidatos. Nós, inclusive, estamos aprovando no Senado Federal uma proposta que regulamenta as prévias, que permitirá aos partidos que queiram fazê-las, fazê-las um ano antes das eleições. Eu acredito que entre [final de] 2013 e o início de 2014 será o momento para o candidato do PSDB se apresentar e buscar alianças, não só partidárias, mas alianças com a sociedade e com os setores organizados. Eu tenho muita confiança de que vai haver certo cansaço desse modelo de governança do PT, que privilegia não a eficiência, não a meritocracia, não o preparo e o conhecimento, mas privilegia a filiação partidária. O PT, infelizmente, abdicou de ter um projeto de país para se contentar e ter exclusivamente um projeto de poder. Cumpriu um papel importante em um determinado momento, mas, no momento, o Brasil precisa de ousadia, precisa de coragem para fazer as reformas, que o PT demonstrou não ter. Eu acho que o PSDB está fazendo o que tem que fazer, se preparando para fazer um contraponto a este modelo do PT.



Diário - Quais são os principais erros da administração petista, levando em consideração as gestões de Lula e Dilma?

Aécio - Primeiro, uma alienação com a corrupção, aceitando os malfeitos dentro do governo, só agindo quando eles são denunciados pela imprensa. Segundo, a falta de coragem, de iniciativa política para propor as grandes reformas. Nós tivemos oportunidades enormes no governo Lula, e até no primeiro ano da presidente Dilma, para fazer a reforma do Estado brasileiro, para fazer a reforma política, que organizasse o quadro partidário, para fazer a reforma tributária que avançasse na diminuição da carga tributária. Mas não houve nenhuma ousadia, não houve coragem política por parte do PT para fazer essas reformas. O PT administra o Brasil olhando a popularidade. Se a popularidade está alta, significa para eles que não precisam fazer nada. Isso é incorreto! O Brasil precisa avançar, é o país que menos cresceu na América do Sul no ano passado. Na América Latina crescemos mais que a Guatemala e El Salvador apenas. Nós puxamos para baixo o desenvolvimento da região. Na infraestrutura, o PAC é uma falácia, porque no ano passado foi muito pouco executado: apenas 10% dos recursos do PAC vieram efetivamente do orçamento da União. Acho que o PT perdeu grandes oportunidades e não teve a capacidade de propor uma nova agenda para o Brasil. Cabe agora ao PSDB propô-la, ocupar este cargo.



Diário - E acertos?

Aécio – Teve, sim! O primeiro deles foi, contrariando seu próprio discurso, manter a política macroeconômica do governo anterior e, ao mesmo tempo, adensou as políticas sociais iniciadas no governo do presidente Fernando Henrique, ampliou os programas de transferência de renda. Esse foi um acerto do governo do PT que eu reconheço.



Diário - Com relação à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instaurada para investigar o envolvimento de parlamentares com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, qual a posição do PSDB?

Aécio - Ela tem que apurar, ela tem que levar a fundo, doa a quem doer. Ela não pode ser um instrumento da maioria contra minoria, ela não pode ter como foco apenas a investigação de adversários políticos. Nós, do PSDB, tomamos a iniciativa, inclusive, de oferecer vagas a que nós tínhamos direito para o Psol e para o senador Randolf Rodrigues, para o senador Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco, que não tiveram em seus partidos esse espaço, exatamente para demonstrar nossa isenção. Nós queremos que todas as investigações ocorram e todos aqueles que se vincularam ao contraventor e utilizaram de forma indevida, seja o setor público ou privado, sejam exemplarmente punido..




Fonte: DO DC

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