PF assume funções de terceirizados em aeroportos do Rio e SP

Agentes da Polícia Federal assumiram as funções dos terceirizados no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), nesta quinta, como parte dos protestos contra a terceirização do serviço de atendimento a passageiros de voos internacionais, e pela contratação de trabalhadores da categoria por concurso.

O presidente Sindicato dos Servidores da Polícia em São Paulo (Sindpolf-SP), Alexandre Sally, afirmou que a ação dos agentes não deve afetar os passageiros em Cumbica. "Não é objetivo causar transtorno nem afetar a população. O objetivo é mostrar como o serviço deve ser feito e a precariedade das fronteiras", afirmou.

O movimento era tranquilo no aeroporto por volta das 11h30. O empresário Renato Oliveira, 25, desembarcou em Cumbica, vindo de Nova York, e afirmou que não percebeu maior movimento dos agentes ou reforço na fiscalização. Ele disse ainda que teve a bagagem vistoriada apenas no aeroporto americano, antes do embarque.

Cerca de 70 agentes da Polícia Federal também planejam assumir na tarde de hoje as funções de funcionários terceirizados contratados para atuar no setor de migração do aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro.

Segundo o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Francisco Sabino, agentes iniciam o trabalho de checagem de documentos, revista de bagagens e interrogatórios, inclusive para brasileiros, a partir das 15h30 para um voo lotado da Air France rumo a Paris, programado para sair às 16h20. Com isso, são esperadas filas no embarque.

A Folha tentou contato com a Air France, mas não obteve retorno. A Infraero disse que não vai se manifestar sobre o assunto.

Para Sabino, os terceirizados não têm preparo para lidar com procurados pela Justiça, por exemplo. Já a PF diz que eles apenas registram a entrada e a saída de pessoas, mas que a fiscalização ainda é atribuição dos policiais.

De acordo com balanço da Infraero (estatal que administra os aeroportos), 9% dos voos domésticos programados desde a 0h no país tiveram atrasos acima de 30 minutos --foram 89 de 989 até as 11h.

Entre os voos internacionais, os atrasos representam 4,5% do total --3 nos 67 voos programados. O movimento de voos internacionais, porém, deve aumentar no período da tarde.

TERCEIRIZADOS

Esta é a terceira vez que policiais federais protestam contra funcionários terceirizados do atendimento a passageiros de voos internacionais.

Em Cumbica, uma empresa contratada faz a checagem dos passaportes; os policiais monitoram e só atuam se houver problema. No Rio de Janeiro, há cerca de 200 terceirizados que trabalham no aeroporto internacional há pelo menos dois anos e meio.

A reportagem tentou localizar a empresa terceirizada, responsável pelos funcionários no aeroporto do Rio, mas nenhum representante foi encontrado.

De acordo com o Sindicato Estadual dos Policiais Federais, os funcionários terceirizados recebem menos de R$ 1.000 para fazer o trabalho no setor de migração. Enquanto agentes da categoria ganham cerca de R$ 7.500.

Calcula-se que, hoje, 1.300 terceirizados recebam passageiros em guichês da PF no país, sob supervisão de policiais. Em contratos com empresas para este serviço, o governo federal gasta cerca de R$ 9 milhões.