Decisão envolvendo secretário da Copa do Mundo aconteceu após crise com Tribunal de Contas do Estado e Assembleia Legislativa
Eder põe cargo à disposição de Silval
Secretário da Copa é acusado de causar constrangimento a imagem do TCE
A disputa por uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE) foi o estopim para a deflagração de mais uma crise envolvendo o secretário-extraordinário da Copa do Mundo de 2014, Eder Moraes (PR), e que pode resultar na sua saída da Pasta. Diante da situação, o secretário colocou o cargo à disposição do governador Silval Barbosa (PMDB).
Ontem pela manhã, o presidente do Tribunal de Contas, conselheiro José Carlos Novelli, o conselheiro Alencar Soares e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PSD), se reuniram com o governador Silval Barbosa (PMDB) e reclamaram de Eder Moraes, que, segundo eles, seria o responsável pela publicação de reportagens que estariam expondo o Tribunal de Contas e a Assembleia.
Na ocasião, Novelli teria reclamado de uma matéria publicada em uma edição extraordinária, de apenas quatro páginas, do semanário ‘Circuito Mato Grosso’, que expôs o TCE ao afirmar que o conselheiro Alencar Soares estaria negociando sua vaga no Tribunal por R$ 12 milhões, além de mostrar valores de vencimentos dos conselheiros, que, segundo ele, não condizem com a realidade.
Durante a conversa com o governador, os conselheiros disseram que Eder Moraes estava interessado em colocar o TCE e a Assembleia numa situação de constrangimento para evitar a eminente aposentadoria de Alencar Soares.
Segundo eles, Moraes era defensor de que Soares deveria esperar até o final do ano para se aposentar. Neste mesmo período, uma nova vaga seria aberta no TCE e ele próprio poderia assumi-la, após concluir as licitações da Secopa.
Porém, Alencar Soares já comunicou que deve se aposentar nos próximos dias para se candidatar a prefeito de Barra do Garças. Sua vaga será preenchida por uma indicação da Assembleia Legislativa e, ao que tudo indica, o nome escolhido deverá ser o do deputado Sérgio Ricardo, do mesmo partido de Eder Moraes.
O parlamentar tem evitado se manifestar publicamente sobre o assunto, porém o secretário-geral do PR, deputado estadual Emanuel Pinheiro, confirmou que ele irá assumir a vaga no TCE até o final de abril.
Eder Moraes, que responde pela presidência do partido em Cuiabá, por sua vez, afirmou ao Diário que a ida de Sérgio dependeria de um consenso da legenda, o que ainda não existe. A declaração causou estranheza dos republicanos e evidenciou interesse do secretário na vaga.
Questionado sobre o assunto, Eder Moraes não confirmou, mas deixou transparecer sua intenção. “Não adianta atribuir a mim qualquer crise na Corte de Contas. Isso é um modelo arcaico de tentar ‘melar’ a nossa conduta, a nossa forma de trabalhar, visando barrar qualquer futuro que poderia passar, inclusive, por uma ida nossa ao Tribunal de Contas”, declarou.
O republicano também negou ter “plantado” qualquer informação na mídia sobre as articulações envolvendo o preenchimento da vaga no TCE. “Não procurei jornal nenhum para tratar desse assunto. Pelo contrário, atuo nos bastidores pedindo a vários veículos de comunicação que noticiem aquilo que é de positivo no governo”.
Embora negue ter conhecimento sobre qualquer esquema supostamente firmado entre Alencar Soares e Sérgio Ricardo, o secretário disse que as vagas no Tribunal devem surgir “de forma natural” e não descartou assumir uma delas, se fosse nessas condições. “Se eu tivesse a indicação do Poder Executivo e a aprovação do Poder Legislativo, iria conversar com o governador Silval Barbosa para ver se é de concordância dele a nossa ida”.
Outro lado - Tanto José Riva quanto Novelli afirmaram, após o encontro, que não pediram a demissão de Eder Moraes. O empresário Pérsio Briante, dono do ‘Circuito Mato Grosso’, negou que o secretário tenha influenciado na publicação de matérias em seu jornal. O governador Silval Barbosa foi procurado insistentemente, mas não foi localizado até o fechamento da edição. Ele está em viagem em Brasília.
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