Cartaz colado na subprefeitura da Sé será investigado em SP
"Gás pimenta nos olhos do povo é colírio", dizia cartaz pregado no mural da Supervisão de Habitação, no 5º andar da Subprefeitura da Sé, no centro de São Paulo.
O cartaz foi colado no mural pelo coordenador daquela supervisão, Joceli Adair da Silva. Foi visto por dois integrantes do grupo de teatro Auto-Retrato, que estavam na subprefeitura na tarde de ontem para questionar sobre uma ação do órgão junto a moradores de rua, na praça da Sé.
Ao verem o cartaz, os dois informaram ao advogado da Subprefeitura da Sé, Rodolfo Richardo, que disse que iria apurar o "deslize pontual".
À Folha, Richardo disse que já encaminhou um relatório detalhado do episódio ao subprefeito e que sugeriu a abertura de uma investigação preliminar, para apurar o cartaz.
Joceli Silva disse à reportagem que aquele cartaz foi encontrado nas mãos de um membro da Frente de Luta por Moradia, que estava colando o material em muros próximos à esquina da Conselheiro Nébias com rua Vitória, no centro, onde foi feita reintegração de posse de um imóvel em fevereiro.
"Esse cartaz é um equipamento de trabalho, uma informação técnica. Tenho que saber como essas pessoas pensam, para subsidiar meu trabalho", disse.
Uma das funções de seu setor é dar suporte nas ações de reintegração de posse, fazendo mediação entre líderes de movimentos ligados às invasões e os proprietários dos locais ocupados. Ele disse que sempre acompanha ações de desocupação que ocorrem na Sé.
Segundo ele, o cartaz foi feito como crítica a uma ação anterior, na av. São João, em que policiais militares usaram gás de pimenta para conter os ocupantes. "Se foi usado gás de pimenta foi porque o pessoal começou a jogar pedra", diz ele.
A Folha esteve no prédio da rua Conselheiro Nébias e encontrou um pedaço de um dos cartazes ainda colado. O prédio hoje passa por reforma e será transformado em hotel pelo proprietário.
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