A pesquisa, baseada no exame de amostras de sedimentos retiradas de charcos salgados na ilha da Tasmânia, usou geoquímica para estabelecer uma cronologia das mudanças do nível do mar nos últimos 200 anos.
Patrick Moss, da Universidade de Queensland, afirmou que grandes eventos ambientais, que impactaram o oceano, como a introdução de petróleo sem chumbo e a realização de testes nucleares, apareceram nas amostras e foram usadas para datação.
A cronologia revelou um grande salto nos níveis do mar por volta de 1880 após 6.000 anos de relativa estabilidade, explicou Moss, que destacou picos nos anos 1910 e 1990, este último aparentemente vinculado com as atividades humanas.
"Em termos gerais, nos últimos 200 anos, aproximadamente, o nível do mar subiu cerca de 20 centímetros", disse Moss à AFP nesta quinta-feira.
O primeiro pico coincidiu com o fim da denominada Pequena Era Glacial, "período de cerca de 500 anos com condições sutilmente mais frias, que terminou por volta de 1850", durante o qual as geleiras do mundo recuaram.
Segundo o estudo, os níveis do mar no sudoeste do Pacífico aumentaram quatro vezes entre 1900 e 1950 com relação à média do século XX.
O que se seguiu foi um período de "relativa calma", afetado por um segundo pico, em 1990, que viu os níveis do mar subirem a uma taxa que desafiaram as projeções.
"Os fatores climáticos naturais parecem não ser tão aparentes e a mudança climática antropogênica parece ser a possível responsável", disse Moss.
O estudo, do qual também participaram cientistas britânicos e neozelandeses, publicado no periódico "Earth and Planetary Science Letters", demonstrou que os níveis do mar subiram muito mais no sudoeste do Pacífico do que em outros lugares.
Moss explicou que grande parte do gelo derreteu deixando uma espécie de "digital", que poderia ser rastreada na superfície da Terra. Segundo ele, o estudo determinou que a água que provocou a elevação do nível do mar no Pacífico veio do hemisfério norte.
A cobertura de gelo ártico da Groenlândia parece ter sido a fonte primária, junto com "geleiras montanhosas no Alasca, no oeste da América do Norte e no Ártico canadense", declarou.
A maioria dos cientistas afirmava até agora que a elevação do nível do mar nas últimas décadas se deveu à expansão térmica, ou seja, à expansão da água provocada pelo aquecimento e pelo derretimento de geleiras.
Alguns cientistas indicam que o derretimento é relativamente recente e provavelmente contribuiu com apenas a metade da atual elevação do nível do mar, mas Moss sugere que o derretimento ocorreu há muito tempo e começou a afetar o nível do mar cerca de duas décadas atrás.
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