Para o GP do Bahrein, só falta o cancelamento oficial
É bem provável que hoje ou amanhã a FIA oficialize o cancelamento do GP de Bahrein, programado para dia 22, domingo seguinte à prova de Xangai, no fim de semana. Se a entidade diz estar atenta ao que ocorre no país árabe para então decidir, a mensagem enviada ontem pela Coalizão Jovem 14 de Fevereiro, um dos grupo protestantes contra a situação política do país, não deixa dúvida alguma a respeito da inviabilidade do evento.
Depois de descrever as ações “criminosas” das forças de repressão contra os manifestantes, que resultaram na morte de muitos ativistas, a Coalizão escreve: “Se os organizadores insistirem em levar adiante a corrida provocarão raiva no povo barenita. A nação vive uma revolução popular. Como resultado da iniciativa da prova, os revoltosos vão classificar os participantes, espectadores, controladores e patrocinadores como parte do sangue dos Khalifa (família que reina no Bahrein) e seu sistema criminoso e responsável pelo sangue derramado pelo dedicado povo barenita”.
Em entrevista publicada pelo The Guardian, ontem, o diretor de uma das principais equipes da Fórmula 1 – não desejou ser identificado – afirmou: “A única maneira de realizarmos uma corrida em Bahrein seria se estivéssemos cercados por forças militares, o que penso ser inaceitável tanto para a Fórmula 1 como para o habitantes de Bahrein. Estamos esperando que a FIA decida logo”.
No domingo da etapa de Sepang, dia 25, vários profissionais das equipes já demonstravam grande preocupação com o fato de o presidente da FIA, Jean Todt, e o promotor do Mundial, Bernie Ecclestone, insistirem em levar adiante a ideia da realização do GP de Bahrein. “Não há nenhuma garantia de que não seremos atacados por passar a mensagem de estarmos do lado do governo. E nossas companhias de seguros já manifestaram, também, que vão estudar o caso”, disse o diretor de uma equipe do bloco intermediário da Fórmula 1, sem que houvesse, ainda, a ameaça explícita de ontem da Coalizão Jovem 14 de Fevereiro.
Assim, o calendário deverá ter o GP da China, domingo, terceiro do campeonato, e depois apenas o GP da Espanha, dia 13 de maio. Nesse intervalo, de 1.º a 3 de maio, os times poderão treinar no circuito de Mugello, na Itália. O cancelamento iminente do GP de Bahrein será bom para as escuderias que necessitam rever profundamente o projeto de seus carros este ano, como a Ferrari.
Além da prova no Circuito de Sakhir, em Bahrein, dificilmente a Fórmula 1 vai se apresentar em Austin, no Texas, este ano, de 16 a 18 de novembro, 19.ª e penúltima etapa do Mundial. O cronograma das obras do autódromo está muito atrasado e há problemas graves de entendimento entre o promotor e o governo do Texas. Cada lado tenta jogar para o outro a obrigação de pagar à FOM a famosa taxa do promotor, estimada em US$ 18 milhões. Dessa forma, o campeonato que deveria ter 20 etapas muito provavelmente terá apenas 18, sem o GP de Bahrein e dos Estados Unidos.
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