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Cidades/Geral
Quinta - 05 de Abril de 2012 às 10:49
Por: Leandro J. Nascimento

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Rodovia MT-130 (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
Produtores e caminhoneiros reclamam de má conservação de rodovias (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)



O período de escoamento da safra mato-grossense de soja aumentou consideravelmente o volume de caminhões e carretas nas estradas do estado. Até o final dos trabalhos, cerca de 22 milhões de toneladas da oleaginosa produzidas na atual temporada vão circular em cima de veículos de grande porte nas diferentes regiões de Mato Grosso. Mas a dificuldade na hora de levar o produto agrava-se anualmente à medida que o estado de conservação das rodovias piora.

Motoristas chegam a gastar até 10 horas para vencer um trajeto com pouco mais de 100 quilômetros. É o caso da MT-130, rodovia por onde sai boa parte da produção da região leste do estado e de municípios como Canarana, Querência, Gaúcha do Norte e Paranatinga.

Na localidade, os 40 quilômetros de pavimento representam uma viagem tranquila. Mas os 155 km sem asfalto revelam a precariedade. Na época de chuva os atoleiros são frequentes. Na seca, bancos de areia formam-se e exigem cuidado do motorista. O caminhoneiro José Fernando conta que levou cerca de 10 horas para ir da sede da fazenda onde carregou o veículo com soja até Paranatinga.

Além de prejuízos financeiros gerados pelo desgaste do veículo, o motorista reclama do cansaço excessivo. “Tem o cansaço físico. Você sai pior do que se estivesse em uma partida de futebol, com o corpo todo dolorido”, expressou o motorista. O trabalhador viajou pela rodovia com cerca de 37 toneladas de soja.

Rodovia MT-130 (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
Maior parte da rodovia MT-130 não é pavimentada
(Foto: Leandro J. Nascimento/G1)



Coordenador-executivo do Movimento Pró-Logística da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Edeon Vaz Ferreira destaca que se pavimentada em sua totalidade, a MT-130 proporcionaria um ganho estimado de pelo menos R$ 3 em cada saca de soja para o agricultor.

“Esta rodovia é importante porque é o acesso de toda região para o sul do estado como Primavera do Leste, Rondonópolis. É um corredor de escoamento. O maior prejuízo é o custo do frete porque em uma estrada não pavimentada e em mau estado de conservação o valor é maior. No mínimo, em torno de 20% mais caro”, destacou.

Na região de Campo Novo do Parecis, a 397 quilômetros de Cuiabá, o drama leva em conta os inúmeros atoleiros da MT-358. Somente o município planta 350 mil hectares de soja e mais 130 mil hectares em milho. Mas falta logística para retirada da produção agrícola, conforme define Alex Utida, presidente do Sindicato Rural.

Utida diz que o problema é mais grave do que se imagina e que se corre o risco de o potencial do estado ser fragilizado em função da ausência de modais de transporte e condições de trafegabilidade para garantir o acesso da produção aos portos, por exemplo.

“Se não tiver uma efetiva melhora e as obras não andarem, corremos o risco de ter um apagão logístico. A produção do estado está crescendo, mas as vias de escoamento não crescem nas mesmas proporções”, pontuou.

Em Mato Grosso, o acesso a 44 cidades é pavimentado. De acordo com Arnaldo Souza, secretário de Transporte e Pavimentação Urbana, para resolver os problemas nas rodovias onde não há pavimento seriam necessários R$ 18,5 bilhões para pavimentar toda a malha viária mato-grossense.

As constatações acerca das condições de trafegabilidade nas estradas mato-grossenses são frutos do estradeiro realizado pela Aprosoja Mato Grosso. A associação, junto com Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e sindicatos rurais percorrem mais de 2 mil quilômetros ligando Cuiabá (MT) a Porto Velho (RO). Na relação das rodovias visitadas estão a MT-130, BR-242, a BR-163 até Nova Mutum, MT- 235 até Sapezal e BR-364 até Vilhena (RO).

Outro lado
A respeito dos gargalos estruturais das rodovias do estado não pavimentadas, a secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana informou ao G1 que as prioridades são obras para a interligação dos municípios que ainda não possuem pavimentação asfáltica. Para estas obras serão usados recursos do Fundo de Transporte e Habitação (Fethab). As obras, ainda segundo a pasta, são emergenciais e estão estimadas em R$ 1,5 milhão. Quanto às obras de recuperação, os representantes da pasta disseram que não tem nenhuma previsão de quando devem ser realizadas.





Fonte: Do G1 MT

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