Carro dirigido por Thor passou por perícia no local
do acidente (Foto: Nicson Olivier/Divulgação)
A Polícia Civil realizou, na manhã deste sábado (24), a terceira perícia no veículo Mercedes Mclaren, de Thor Batista, filho de Eike Batista. O estudante atropelou e matou um ciclista na Rodovia Washington Luis, na Baixada Fluminense, no último sábado (17).
O objetivo dos peritos é verificar a velocidade em que o veículo estava quando atingiu o ciclista Wanderson Pereira Santos, de 30 anos. Segundo a polícia, foram realizadas várias medições no lado interno e externo do carro e nos pontos onde a bicicleta se chocou contra o Mercedes do estudante.
O delegado titular da 61ª DP (Xerém), Mario Arruda, vai continuar a ouvir outras possíveis testemunhas do acidente no inquérito policial. O laudo deverá ficar pronto em até 30 dias, de acordo com a Polícia Civil.
Laudo aponta que vítima consumiu álcool
O laudo do exame toxicológico do ciclista Wanderson Pereira dos Santos apontou a presença de 15,5 dg/L (decigramas por litro) de álcool no sangue. As informações foram confirmadas pela Polícia Civil na tarde de sexta-feira (23).
O exame foi feito por peritos do Instituto Médico Legal (IML), e divulgado pela delegacia de Xerém, responsável pelo caso.
O acidente aconteceu na pista sentido Rio. Segundo o advogado Celso Vilardi, que defende o filho do bilionário, Thor estava trafegando dentro da velocidade permitida no local do acidente, e não ingeriu álcool antes de dirigir. O jovem estava acompanhado de um amigo, que também passou pelo teste do bafômetro. O delegado já descartou a hipótese de homicídio doloso.
Não é possível definir embriaguez, diz polícia
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, peritos do IML disseram que não é possível afirmar se uma pessoa está embriagada com 15,5 dc/L no sangue, já que vários fatores precisam ser levados em consideração. Entre eles, o metabolismo da pessoa, a estrutura corporal, se a pessoa estava de estômago vazio, qual o grau de resistência da pessoa ao álcool e há quanto tempo o álcool fora ingerido, itens que o exame de alcoolemia não detecta.
Já para efeito da Lei Seca, o condutor de veículo automotor não pode ter mais de 0,2 dc/L no sangue, sendo considerado índice tolerável de até 0,6 dc/L. Mas de acordo com a nova legislação, o motorista que for flagrado com nível de álcool acima do permitido (0,1 mg/l de sangue), será multado e terá carteira apreendida.
Segundo o coordenador da Lei Seca, major Marco Andrade, 0,6 dc/L de álcool no sangue equivalem a 0,3 mg/L de álcool por litro de ar, ao ser soprado no bafômetro.
Em junho de 2008 foi aprovada a Lei 11.705, modificando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) sobre a Lei Seca, que proíbe o consumo da quantidade de bebida alcoólica superior a 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro (ou 2 dg de álcool por litro de sangue) por condutores de veículos.
O major considerou muito alto o nível de álcool detectado pela polícia na vítima atropelada pelo Thor Batista.
Polícia busca novas testemunhas
Na manhã de quinta-feira (22), o delegado Mário Roberto Arruda, titular da 61ª DP (Xerém), disse que ainda procura por outras testemunhas do atropelamento.
"Nós ainda estamos tentando arrolar novas testemunhas, inclusive de uma pessoa que teria passado pelo local no momento do acidente. Se for preciso, outras pessoas poderão ser ouvidas novamente", disse o delegado, se referindo às outras quatro testemunhas - dois agentes da PRF e dois motoristas - que também já foram ouvidas.
O delegado Mário Arruda voltou a afirmar que a hipótese de homicídio doloso (quando há intenção de matar) está descartada. No entanto, segundo ele, se for comprovado que Thor conduzia o veículo acima da velocidade permitida, ele poderá ser indiciado por homicício culposo (quando não tem intenção de matar), com pena que varia de 2 a 4 anos de prisão.
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos foi contratado pelo empresário Eike Batista para defender seu filho. Além de Bastos, que faz parte do escritório Chiaparini e Bastos Advogados, também foi contratado para o caso Celso Sanchez Vilardi, do escritório Vilardi & Advogados Associados. Ambos os escritórios têm sede em São Paulo.
O advogado Celso Vilardi voltou a afirmar que seu cliente estava trafegando dentro da velocidade permitida no local do acidente. "Ele prestou todos os esclarecimentos a respeito do acidente, contou detalhes do que aconteceu aquela noite", disse o advogado. "Existem elementos muito seguros dos autos, que mostram que esse acidente ocorreu porque Wanderson estava com a sua bicicleta no meio da pista. Já existem indícios mais do que seguros no inquérito, e, portanto, é um acidente inevitável. Nós lamentamos muito", completou.
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