A precisão extrema deste relógio, 100 vezes superior à dos atuais relógios atômicos, provém do núcleo de um só íon de tório, acrescenta um artigo da revista "Physical Review Letters".
O relógio atômico poderia ser útil para algumas comunicações confidenciais e para o estudo de teorias fundamentais da física. Além disso, poderia aumentar a precisão do sistema GPS.
Os relógios mecânicos usam um pêndulo, cujas oscilações medem o tempo. Já nos relógios modernos, são cristais de quartzo que fornecem as oscilações de alta frequência.
A precisão dos relógios atômicos provém das oscilações dos elétrons nos átomos induzidas por raio laser. Entretanto, estes elétrons podem afetar os campos magnéticos e elétricos e, por isso, estes relógios às vezes sofrem um desvio de aproximadamente quatro segundos ao longo da existência do Universo -- quase 14 bilhões de anos, segundo a teoria do Big Bang.
Os nêutrons são muito mais pesados que os elétrons e estão agrupados com mais densidade no núcleo atômico, de modo que são menos suscetíveis a tais transtornos.
Segundo o artigo do Instituto Tecnológico da Geórgia, para criar as oscilações, os pesquisadores planejam o uso de um laser que opera em uma frequência de 1 quatrilhão de oscilações por segundo para fazer com que o núcleo de um íon de tório passe a um estado de energia mais elevado.
Laser interage com os átomos de tório (Foto: Corey Campbell/Georgia Tech/Divulgação)
A "sintonização" de um laser que crie esses estados de energia mais altos permitiria que os cientistas fixassem sua frequência com muita precisão, e essa frequência seria usada para marcar o tempo, ao invés do tique-taque de um relógio ou do balanço de um pêndulo.
Os projetistas encaram outro problema: para que o relógio atômico seja estável, é preciso mantê-lo a temperaturas muito baixas, próximas ao zero absoluto (-273°C).
Para produzir e manter tais temperaturas, habitualmente os físicos usam um arrefecimento a laser. Contudo, neste sistema, isso é um problema, porque a luz do laser também é usada para criar as oscilações que marcam a passagem do tempo.
Segundo o artigo, os pesquisadores incluem um único íon de tório 232 com o íon de tório 229, que serão usados na marcação do tempo. Cada um destes íons recebe uma frequência de onda diferente.
Os cientistas esfriaram o íon mais pesado, e isso reduziu a temperatura do "íon relógio" sem afetar suas oscilações.
Além dos cientistas da Geórgia, participam do projeto físicos da Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália) e do Departamento de Física da Universidade de Nevada (EUA), em um trabalho parcialmente financiado pelo Escritório Naval de Pesquisas e pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA.
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