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Internacional
Segunda - 19 de Março de 2012 às 16:24

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A Praça Venceslau, cenário da "Revolução de Veludo" que derrubou o regime comunista, tornou-se, nos últimos anos, refúgio de dependentes de droga e traficantes, alimentando a delinquência nesta avenida do centro de Praga, margeada de ricos imóveis, lojas de luxo e palácios.

"Vá embora daqui! Não quero vê-lo mais!", grita um policial. Sem nada dizer, o homem segue seu caminho.

"Em relação ao comércio de droga, a praça Venceslau não tem similar na República Tcheca, nem em toda a Europa do Leste", afirma Ales Termer, da Sananim, uma ONG que distribui seringas aos usuários.

"Nossos voluntários ficam aqui quatro horas por dia e a cada vez entram em contato com cerca de 150 toxicômanos, essencialmente para fornecer a eles seringas limpas", explica ele.

Dominados pelo prédio monumental do Museu Nacional e pela imponente estátua equestre de São Venceslau (907-935), padroeiro do país, os "Champs-Elysées" de Praga são considerados um lugar sagrado pelos tchecos que aí se reúnem espontaneamente nos momentos cruciais da história.

Foi local do confronto com os tanques soviéticos em 1968 e das manifestações pacíficas da "Revolução de Veludo", que derrubaram o regime comunista em 1989.

Cercado de esplêndidas fachadas de hotéis quatro estrelas, bancos, grandes lojas e restaurantes de luxo, este antigo mercado de cavalos da época medieval tornou-se a principal encruzilhada do tráfico de droga do país.

"Os toxicômanos passeiam livremente pela praça, para se dedicarem ao comércio e ao consumo de drogas. Ao mesmo tempo, cometem pequenos delitos para conseguirem o dinheiro necessário à sua dose diária. Isso provoca, naturalmente, a ira dos comerciantes", explica Termer.

No país de 10,5 milhões de habitantes, o número de consumidores de drogas é calculado em 30.000, com um terço deles vivendo em Praga. Esta cifra vem sendo mais ou menos constante desde o impulso adquirido pelo consumo de entorpecentes que seguiu, no início da década de 1990, o fim do regime comunista.

Vestidos de ""parkas"" pretas com a inscrição "Terenni programy" ("Programas de campo"), os voluntários da ONG Sananim comparecem diariamente à "Vaclavske namesti".

"Vaclavak, como se diz na linguagem popular, sempre foi um ponto de encontro dessas pessoas, mas nunca no volume atual", constata Termer.

Seus dois colegas, Petra e Svetlana, carregam um pequeno contêiner amarelo destinado à coleta de agulhas usadas e uma pesada pasta preta cheia de seringas limpas, de material sanitário, além de prospectos sobre a prevenção do vício, com o endereço de serviços médico e de assistência social.

Assim que o trio aparece, os toxicômanos começam a aparecer à esquerda e à direita, precipitando-se diante deles.

"Não procuramos incitá-los a fazer um tratamento de desintoxicação. Nossa tarefa é proteger essas pessoas contra doenças tais como a Aids ou a Hepatite C", explica Termer.

"Disso, talvez, surge uma certa incompreensão: a polícia nos acusa às vezes de responsabilidade por esta concentração de usuários", queixa-se.

"Está claro que se trata de um local interessante para os toxicômanos e os traficantes. Estão lá porque a Sananim troca suas seringas", afirma Ludvik Klema, chefe da polícia municipal.

Este local turístico é também local de prostituição, jogos de azar, de batedores de carteiras e motoristas de táxi desonestos.

E a prefeitura de Praga, preocupada em preservar o maná turístico bem que gostaria de solucionar o problema.

A situação "precisa de uma solução urgente", destacou Tereza Krasenska, porta-voz da prefeitura de Praga que estuda com um grupo de trabalho uma forma de pôr em ordem a ""Vaclavske namesti"".





Fonte: Terra

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