Os representantes do setor produtivo de Mato Grosso começam a construir, na próxima semana, um "mapa" sobre as demandas necessárias para atender o mercado de trabalho agropecuário do estado. Juntos, membros das diferentes cadeias produtivas - soja, milho, cana-de-açúcar e até as que atuam diretamente com a agricultura familiar - querem identificar quais as necessidades no que se refere a mão de obra qualificada.
Líder na produção de grãos no Brasil, a unidade federada de Mato Grosso esbarra na falta de profissionais capacitados para atuar nas diferentes áreas. Sejam desde os cargos que exigem menor conhecimento técnico até os que requerem domínio sobre as últimas novidades.
Em Cuiabá, todos os temas vão ser tratados durante o workshop "Cadeias Produtivas", programado para os dias 19 a 22 de março. Somente as oficinas voltadas para a soja e milho vão ocorrer em 12 de abril. As demandas a serem identificadas vão ajudar o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no estado (Senar/MT) a construir um plano de ação com o objetivo de capacitar trabalhadores do ramo.
De acordo com o superintendente Thiago Mattosinho, todos os debates a serem realizados na próxima semana serão fomentados pela Universidade Federal de Viçosa (MG), responsável também pela apresentação de um relatório demonstrando quais pontos consideram os produtores prioridade.
"Nossa maior dificuldade na qualificação dos funcionários é a característica do meio rural. Temos cerca de 180 mil propriedades no estado e precisamos estar descentralizados. Em um município, chega-se a percorrer até 100 quilômetros para levar os cursos para o setor", expressou Thiago Mattosinho.
A entidade, que se encarrega pela qualificação dos envolvidos com o meio agropecuário, pretende elevar nos próximos anos em até 20% o total de atendimentos prestados. Somente até 2011, foram qualificadas mais 45 mil pessoas em Mato Grosso.
No estado onde a produção agropecuária ocupa a posição de número um no país, a falta de qualificação da mão de obra que atua no campo é considerada preocupante. A carência parte desde trabalhadores que temporariamente são contratados para serviços relacionados ao plantio e colheita das safras, entre outros, bem como também do efetivo. Este reside no campo e dele sobrevive com a renda que obtém.
Em uma década, a população do campo aumentou 7% em Mato Grosso, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Passou de 516.670 para 552.321 mil moradores entre 2000 e 2010. Os homens são maioria: 305.759 mil, enquanto elas 246.562 mil. Para o gerente de aprendizado do Senar, Marciel Becker, quanto maior a qualificação dos trabalhadores do campo, maiores são as chances de se evitar o êxodo rural.
"Quando se fala em maior conhecimento aborda-se também a renda. Com renda ele [trabalhador] não sai do campo", destacou o Marciel.
Programação
Na programação do workshop sobre as cadeias produtivas, a segunda-feira (19) está reservada aos debates voltados aos setores da ovinocultura, caprinocultura, suínos, aves e peixes. As discussões serão realizadas durante todo o dia na sede do Senar.
Já na terça-feira (20) estarão em pauta as cadeias do algodão, cana-de-açúcar. Na quarta-feira (21), carne, equídeos e leite. Quinta-feira (22), fruticultura, mandioca, olericultura, sistemas florestais e apícola. Em abril, dia 12, será a vez da cadeia produtiva da soja e milho. O evento será realizado na sede do Senar.
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