Deputado quer processar policial que lhe acusa de racismo
O deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) quer abrir processo administrativo no Senado contra um policial da Casa que lhe acusa de racismo. Segundo relato do servidor à Polícia Legislativa do Senado, Leréia lhe chamou de "macaco" e pediu ontem que "procurasse um pau para subir" quando solicitou ao deputado para se identificar na entrada do plenário do Senado.
O deputado nega a acusação de racismo, mas admite que pediu para o policial "procurar um pau para subir" --expressão que, segundo Leréia, tem a conotação de "vai fazer algo mais importante no momento do que querer se aparecer". Ele diz que usou a expressão ao ser ao ser "intimidado com força física" pelo policial na entrada do plenário.
"Uma expressão usada para reprimir o dedo em riste [do policial] jamais toma conotação racista. Não cometemos nenhuma falta ou crime. Ofendida está a nossa honra", afirma Leréia em ofício encaminhado ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
No ofício, o deputado pede que Sarney abra processo administrativo contra o policial. Acusa o servidor de calúnia e afirma que o policial tem obrigação de conhecer os deputados e senadores, por isso não deveria ter pedido para se identificar. E justifica que não mostrou sua carteira de identidade parlamentar porque não a utiliza para dar "carteirada".
"Os parlamentares não conduzem crachás pendurados no pescoço e, logo, o dever dos servidores ditos policiais da Casa é no mínimo ter conhecimento daqueles que são e dos que não são dentro desta Casa", diz o deputado.
Leréia acusa o policial de "despreparo" para exercer o controle do acesso do plenário e critica o "poder de polícia" concedido aos "seguranças que controlam a entrada e a saída dos funcionários e parlamentares nas entranhas da Casa". "A partir daí, eles usam dessa prerrogativa para abordar de forma grosseira os demais pares, funcionários e visitantes."
OCORRÊNCIA
A Polícia Legislativa do Senado abriu ocorrência para apurar o caso. Segundo o diretor da Polícia do Senado, Pedro Araújo, as duas partes serão chamadas para apresentar suas versões.
No boletim de ocorrência encaminhado pelo servidor à Polícia Legislatival, ele acusa Leréia de racismo e afirma que o deputado o desacatou. O policial sustenta que o deputado usou a expressão "macaco" quando se dirigiu a ele.
O policial diz, no boletim, que não identificou Leréia porque é "difícil reconhecer de pronto todos os 513 deputados". O servidor relata, ainda, que o parlamentar já ofendeu outros policiais da Casa com palavras de baixo calão.
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