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Réu enfrenta júri popular nesta quarta (30) pelo duplo homicídio em Cuiabá. Ele disse em depoimento estar com a consciência tranquila.
Acusado de matar pai e filho em oficina alega legítima defesa em MT
O mecânico Francisco de Assis Vieira Lucena, de 55 anos, que enfrenta júri popular nesta quarta-feira (30) pela morte de dois clientes dentro de uma oficina mecânica de sua propriedade, alegou que agiu em legítima defesa. Durante depoimento, no Fórum de Cuiabá, ele declarou que a vítima, Dario Luiz Scherner, de 45, teria o ameaçado de morte por telefone após o filho, Pedro Cesar Scherner, de 17 anos, que também foi assassinado na mesma data, ser cobrado de uma dívida do conserto do veículo da família.
O réu disse ainda estar com a consciência tranquila, já que, segundo ele, cometeu o crime para supostamente se defender. “Estou com a consciência tranquila, porque vivi uma situação de pânico depois que ele [Dario] falou comigo por telefone que iria encher a “minha cara de bala”, disse o réu ao depor na tarde desta quarta-feira, no Tribunal do Júri. O duplo homicídio ocorreu em 1991.
A intenção, conforme o acusado, era acertar a perna da vítima para que o soltasse e não lhe agredisse. “Por infelicidade, acertei a região da cintura”, pontuou. A alegação era de que teria sentido medo ao se deparar com a vítima, Dario, que tinha 1,85m de altura, e que se aproximou dele para tirar satisfação sobre a cobrança dessa suposta dívida.
“Ele estava com uma bolsa. Pensei que tivesse uma arma dentro dela”, contou ao tentar justificar que havia se recusado a fazer o orçamento para Pedro, pois o pai dele já lhe devia uma quantia, de aproximadamente R$ 600, se fosse convertida para a moeda atual.
Conforme o réu, a vítima combinava de levar o dinheiro e não levava, por isso, reteve o carro da família, que, na ocasião, era conduzido por Pedro. Na versão dele, depois de efetuar os disparos contra Dario, que era professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o adolescente teria tentado tomar o revólver da mão dele. “Se ele não tivesse tentado tomar a minha arma, nada disso teria acontecido”, disse.
Logo depois de atirar contra pai e filho, Francisco fugiu, à princípio para uma chácara em Cuiabá, e depois, para o Paraguai. “Passei dias andando a pé e tendo que tomar xixi de gado porque não tinha água para fugir do crime”, enfatizou, se referindo à sua ida para a Argentina, de onde retornou depois de conseguir documentos de identidade falsos. Após isso, o acusado ficou até 2008 foragido da Justiça e acabou localizado em Osasco (SP).
Apesar de Franscisco alegar que a vítima lhe devia, durante as investigações foi identificada a compensação de um cheque, emitido pela mulher de Dario, Carmem Cesar Scherner, para o pagamento do conserto do carro, feito há cerca de três meses antes do crime. Porém, o cheque teria sido entregue a uma recepcionista que trabalhava na oficina e não teria repassado a informação ao proprietário, como foi confirmado pelos ex-funcionários do estabelecimento em depoimento à Justiça.
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