Marfrig nega participação em triangulação com ex-BB
O Grupo Marfrig negou ontem qualquer envolvimento em uma possível triangulação envolvendo o empresário Wanderley Mantovani, que teria como objetivo repassar recursos para o ex-vice-presidente do Banco do Brasil, Allan Toledo. Em comunicado enviado à Agência Estado, o grupo destacou que mantém "relações comerciais e societárias legalmente constituídas e públicas" com Mantovani e que tais relações "envolvem diversas transações de ordem comercial e financeira". Essas operações, entretanto, "se restringem ao âmbito da natureza específica dos negócios existentes", segundo o texto. Marcos Molina, fundador do frigorífico Marfrig e presidente do Grupo Marfrig, é sócio de Mantovani na empresa Biocamp.
O eventual envolvimento entre Marfrig e Allan Toledo foi publicado ontem em reportagem do jornal Folha de S. Paulo. A matéria destaca que Toledo teria recebido depósitos de quase R$ 1 milhão em sua conta bancária e que parte desse dinheiro teria passado pelas contas de Mantovani. O empresário, por sua vez, teria adquirido a casa de uma aposentada que tem Toledo como procurador e herdeiro, ainda segundo a publicação.
Molina detém 22% das quotas da Biocamp e Mantovani, sócio fundador da usina, outros 12%, segundo o comunicado da Marfrig. A Biocamp, localizada no município de Campo Verde (MT), produz biodiesel a partir do uso de sebo e óleos vegetais.
No texto, o Grupo Marfrig destaca que firmou contrato de opção e promessa de cessão não vinculante e não material das quotas de Mantovani e seus sócios na Biocamp. Com isso, o Marfrig assumiria o controle do projeto originado em uma iniciativa experimental da Universidade de Campinas (Unicamp).
"O projeto da usina de biodiesel expandiu e foi um sucesso, tanto que outras empresas do setor de agrobusiness e players do mercado bovino entraram no segmento. Para manter o direito de preferência em relação à usina, a empresa (Marfrig) firmou um contrato de opção e promessa de cessão não vinculante e não material (...) com Mantovani e seus sócios", explicou o Marfrig. A viabilidade da operação ainda depende de avaliação a ser feita por auditoria.
Essa operação seria a origem do repasse de recursos de Molina e do Grupo Marfrig para Mantovani. "A empresa assegura que nenhuma de suas transações com o empresário Wanderley Mantovani e seu grupo empresarial (inclusive com a imobiliária Mantovani Imóveis) teve por objetivo participar direta ou indiretamente do processo de aquisição do imóvel citado pela reportagem", destaca o comunicado. "O Grupo não aceita qualquer insinuação ou vinculação de seu nome à prática de atos que não estejam de acordo com seu Código de Ética", complementa o texto.
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