Chimpanzé líder faz questão de reforçar autoridade
Ferdinand é o cara. Ou, na linguagem dos biólogos, é o macho-alfa. Aos 20 anos, ele lidera os chimpanzés no parque Gombe.
Com peso estimado em 50 quilos e expressão de poucos amigos, ele não deixa dúvidas sobre sua autoridade.
Ele sabe que é o alfa. Os outros chimpanzés também. Até o repórter sabe. Mas Ferdinand parece querer reforçar a liderança. Inquieta-se com a presença do intruso entre seu bando de 17 macacos.
A preocupação contamina os outros chimpanzés, que trocam olhares e gritam. Então, Ferdinand investe contra o repórter.
O ataque ritual, fartamente descrito por Jane Goodall em sua obra, é uma corrida frenética rumo ao adversário.
"Você precisa sair da frente dele para mostrar que está de acordo com a liderança", diz Iddi, o guia. Mas o repórter não é rápido o suficiente, e precisa ser empurrado para fora do caminho do alfa.
Em um segundo ataque, o chimpanzé bate com um galho na cabeça de seu "rival".
O clima é pesado, conforme os 17 macacos se movimentam ao redor, gritando. Então Ferdinand se acalma. Senta-se na grama e deixa os companheiros pentearem seus pelos.
Ele faz parte de uma "família real" entre os chimpanzés que costuma ocupar o "trono" dos machos-alfa. É filho de Fifi, que por sua vez nasceu de Flo --duas das protagonistas do relato de "À Sombra do Homem".
SELVAGEM
Escalar as montanhas do Gombe não se assemelha em nada com fazer um safari.
Nada de carros e filas de turistas. Acorda-se cedo para uma caminhada, à procura de chimpanzés. Sons agudos e restos de frutas são indícios seguidos pelo guia que acompanha o visitante pelo mato.
No caminho, pesquisadores anotam observações em planilhas. Um deles assiste ao ataque de Ferdinand como quem vê aquilo todo dia. Possivelmente, marca um "xis" em um campo específico para essa eventualidade.
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