Hipismo de adestramento em Londres vai ficar bem mais bonito
Amazona, aluna aplicada de boxe e natação, estudante e estagiária de direito, terceiro-sargento do exército, modelo e, agora, atleta olímpica. Esta é a multifuncional Luiza Almeida, 20 anos, única representante do Brasil no hipismo de adestramento dos Jogos de Londres. Apesar da juventude ela não é caloura em olimpíada e terá grandes desafios para representar bem o País em sua segunda participação.
Luiza acredita que desta vez será mais difícil porque nos Jogos de Pequim, há quatro anos, o Brasil levou um time completo, feito que não conseguiu repetir para esta edição dos Jogos. "Quando você vai com uma equipe, mostra que seu país é forte naquele esporte. E por ser uma prova subjetiva, isso pode influenciar nas notas", admite.
Mas o fato não desanima Luiza, que tem caprichado nos treinos e investido no reforço de sua forma física com aulas de boxe e natação. "Descobri que o boxe traz muita força física. As pessoas pensam que é só braço, mas tem muita perna, que eu preciso - e é super divertido", conta. A natação, segundo ela, relaxa e é importante para melhorar a relação cavaleiro-montaria. "Se você está tensa, passa para o cavalo e não vai dar certo", explica. Como se trata de esporte que exige alta precisão, este pode ser um fator determinante do sucesso.
O ano que passou foi muito intenso para a amazona, matriculada no curso de direito. "Mas este ano não vai ter jeito. Para me preparar melhor para a Olimpíada vou ter de trancar a faculdade", lamenta, lembrando que irá para a Alemanha fazer sua preparação final para os Jogos. O estágio em um escritório, segundo Luiza, foi realizado em 2011 por sugestão da família, como forma de ter mais confiança de que a carreira profissional escolhida realmente se adequava ao seu perfil. A experiência, segundo ela, foi positiva.
Não bastasse tantos afazeres, a amazona também teve sua primeira experiência como modelo. "Não que eu seja modelo, foi só uma campanha que eu fiz", diz um tanto constrangida e sem fazer muito alarde do fato de que a empresa que a convidou é uma importante grife do setor de calçados no País. Apesar de ter uma aparência que lhe permitira investir no ramo da moda, Luiza encarou a situação como algo extraordinário pois não considera possível conciliar os estúdios fotográficos e passarelas com seu estilo de vida.
Mas sua relação com a moda ainda está longe de terminar. Tudo por causa de sua integração ao exército - ela é terceiro-sargento - e a obrigação de participar das competições fardada, como é de praxe no hipismo. "Acontece que a farda que recebi do exército estava meio larga e os árbitros estavam reclamando que não conseguiam ver minha postura direito."
O problema resultou em uma inusitada parceria com o estilista Ricardo Almeida. Considerado um melhores do Brasil quando o assunto é alfaiataria - tem como clientes o ex-presidente Lula -, ele vai confeccionar a farda da amazona. Luiza, no entanto, não se deslumbra e se concentra na Olimpíada. Conta que dentro de um mês ou dois vai passar uma temporada em Hamburgo, Alemanha, com seu técnico europeu, Dolf Qeller (no Brasil quem a treina é Sandra Saboia), e lá deve definir com qual cavalo vai competir: se com Samba, seu companheiro há oito anos, ou Pastor, adquirido recentemente.
"O Pastor, é mais alto e mais forte, muito mais apto ao esporte que o Samba (ambos são lusitanos - a família cria cavalos da raça)", justifica. A escolha será feita a partir de competições no exterior.
Por depender de arbitragem, o adestramento é um esporte subjetivo e novo no Brasil. Por isso, Luiza não acredita ser possível disputar uma medalha. "O meu objetivo final é tentar passar para a semifinal (25 cavaleiros). Seria uma grande vitória para mim, mas se ficar entre os 30 está de bom tamanho."
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