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Internacional
Sexta - 02 de Março de 2012 às 07:31

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De quanto em quando os grandes partidos sofrem convulsões internas destrutivas. Isso aconteceu com os democratas durante os anos da Presidência de Reagan. Aconteceu também com o Partido Trabalhista britânico sob o governo de Margaret Thatcher.

Hoje o Partido Republicano corre o risco de provocar seu próprio afastamento do palco político, graças a uma disputa para a escolha de seu candidato presidencial que está sendo mais pessoal e mesquinha que a maioria. É possível que já seja tarde demais para reverter o dano causado antes da eleição, que terá lugar em novembro.

Mitt Romney, que venceu em seu próprio Estado, o Michigan, com margem estreita na noite de terça-feira, já aparenta ser um produto avariado. O número cada vez menor de republicanos que enxergam o copo como estando metade cheio apontam para a disputa amarga entre Barack Obama e Hillary Clinton em 2008. Apesar das divisões, Obama uniu seu partido e conquistou uma vitória abrangente. Depois de vencer, convidou Clinton para ser sua secretária de Estado.

É possível imaginar um presidente Romney convidando Newt Gingrich ou Rick Santorum a trabalhar com ele? Ao invés de ser uma "equipe de rivais", seria um pelotão de fuzilamento circular. Uma comparação é com Barry Goldwater, o indicado republicano cujo "extremismo em defesa da liberdade" foi responsável por uma das piores derrotas de seu partido, em 1964.

A indicação de Goldwater foi feita após uma disputa acirrada com a "ala Rockefeller" moderada, que, segundo ele, oferecia um "eco", ao invés de uma "escolha". Outro paralelo é com o forte desafio lançado por Ronald Reagan a Gerald Ford em 1976, do qual o presidente em exercício jamais se recuperou.

As candidaturas de Goldwater e Reagan abriram caminho para uma geração de ascendência conservadora. Embora reflita a influência libertária do Tea Party, a corrida republicana atual não sugere uma transformação ideológica semelhante. É mau augúrio para as perspectivas do candidato republicano em novembro.

SENADORA

E os maus agouros não se limitam à corrida presidencial. Esta semana, Olympia Snowe, uma das poucas republicanas moderadas a ter restado no Senado, disse que vai se aposentar e atribuiu sua decisão ao clima polarizado em Washington, onde o que parece estar valendo é o slogan "do meu jeito ou de jeito nenhum".

Agora o Estado dela, o Maine, poderá eleger um democrata. Até recentemente, presumia-se que os republicanos dominariam o Senado e a Câmara em novembro. Agora as duas apostas estão parecendo inseguras.

A política dos EUA se encontra em estado de indecisão. Mas o mal-estar do Partido Republicano é causado pelo próprio Partido Republicano. Vale notar que, sem o apoio de Snowe em 2009, Obama não teria conseguido fazer aprovar seu pacote de estímulo de US$787 bilhões, hipótese que teria sido desastrosa para os Estados Unidos. Se pessoas como Snowe estão abandonando o barco, talvez este navio republicano mereça ser afundado.

Tradução de CLARA ALLAIN






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