PF conduz pesquisadores estrangeiros que investigam conflitos no MS
Pesquisadores canadenses que investigam conflitos entre índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul tiveram o trabalho interrompido na sexta-feira (24) ao serem conduzidos pela Polícia Federal em Dourados (MS) para verificação de documentos.
A equipe --quatro canadenses e uma tradutora de nacionalidade não revelada pela PF-- está no Estado desde o último dia 17. O grupo coleta imagens e entrevistas para um documentário que integra pesquisa de mestrado.
A PF não informou a instituição dos pesquisadores, que por volta das 22h desta sexta permaneciam na sede da corporação em Dourados.
O grupo foi abordado pela PF na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) na cidade, quando tentavam entrevistar representante do órgão. Na ocasião, segundo a Funai, foi constatado que eles não contavam com autorização para entrar em terra indígena, conforme previsto em portaria da fundação.
De acordo com a Funai, o único contato prévio do grupo com o órgão foi em novembro passado. Na ocasião, ainda segundo a fundação, a equipe foi informada sobre a necessidade de autorização para entrevista com indígenas.
Na Funai em Dourados, os pesquisadores relataram que estiveram em áreas de litígio e que o tema do documentário seria o conflito fundiário entre índios e fazendeiros.
Os canadenses relataram à Funai que estiveram em fazendas em Amambai, Ponta Porã e Antônio João, fronteira sul do Estado. Em Rio Brilhante, entrevistaram índios do acampamento Laranjeiras-Nhanderu, que vivem em região em litígio, fora de território indígena.
Durante a conversa, que durou aproximadamente 40 minutos, policiais federais foram até o local. A coordenação regional da Funai nega ter acionado a PF, que, por sua vez, também não informa de quem partiu a solicitação.
O grupo foi conduzido à PF em Dourados, onde até a noite desta sexta somava mais de cinco horas de permanência. De acordo com o agente de plantão na delegacia, os documentos de entrada no país foram checados e estavam regulares, e a equipe deveria ser liberada em seguida.
A PF informou ainda que não houve apreensão de material dos pesquisadores. Os estrangeiros, segundo o órgão, não infringiram norma da Funai, pois somente realizaram entrevistas fora de terras indígenas.
A reportagem tentou contato com os pesquisadores canadenses na noite desta sexta, mas a PF informou que o grupo estava inacessível.
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