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Nacional
Quarta - 22 de Fevereiro de 2012 às 07:25

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A Corte Suprema do Paraguai desbloqueou na terça-feira (21) a medição de propriedades em disputa na região de plantios de soja de Ñacunday, na fronteira com o Brasil, epicentro de um conflito com camponeses em um país que tem um terço de suas terras aráveis adjudicadas de forma irregular.

Em uma decisão da Sala Civil enviada à Agência Efe, os magistrados determinaram que a medição fique a cargo de um novo juiz, depois que os advogados do fazendeiro Tranquilo Favero recusassem o anterior e conseguissem parar os trabalhos.

O "brasiguaio" Favero é o principal produtor individual de soja do Paraguai, mas o movimento de camponeses sem-terra o acusa de ter se apropriado de terras durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).

A disputa em Ñacunday, na província de Alto Paraná, recomeçou em meados de janeiro com uma nova ameaça de ocupações por parte dos "sem-terra", liderados pela Liga Nacional de Carperos.

Os "carperos" - chamados assim porque acampam sob carpas (barracas) - se encontram "na cabeceira das propriedades de Favero" à espera da ordem judicial de despejo com a qual ameaçou ontem o ministro do Interior, Carlos Filizzola, disse hoje à Efe o porta-voz da polícia provincial, Augusto Lima.

Filizzola garantiu hoje que "o despejo acontecerá", pendente apenas do término do "protocolo", depois que um dos líderes dos "carperos", Victoriano López, dissesse que não pensam em sair do local.

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, ameaçou no último dia 6 em usar "todos os meios disponíveis" para evitar ocupações e confrontos em Ñacunday.

Apesar de assumir que na região há terras adjudicadas irregularmente, Lugo observou que compete à Justiça decidir quem são seus verdadeiros proprietários.

Dez dias depois, o assessor legal da Presidência, Emilio Camacho, cifrou em 180 mil hectares as terras públicas "ocupadas" por Favero e disse que o Estado não renunciará a elas para agradar o fazendeiro.

O assessor se referia a dados do Instituto Nacional de Desenvolvimento e da Terra, que no ano passado iniciou as tarefas de medição de 257 mil hectares em Ñacunday que poderão ser retomadas agora após a decisão do Supremo.

Camacho uniu-se à condenação geral a Favero por seus elogios à ditadura de Stroessner e suas críticas ao campesinato paraguaio feitas a um jornal brasileiro, que lhe valeram uma declaração de "persona non grata" da Prefeitura de Assunção.





Fonte: EFE

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