Delegações árabes qualificaram na quarta-feira de inaceitáveis as emendas russas destinadas a atenuar uma resolução da Assembleia Geral da ONU que manifestaria aval a um plano da Liga Árabe que prevê o afastamento do presidente da Síria, Bashar al Assad, disseram diplomatas na quarta-feira. "Os árabes rejeitaram (as emendas russas) e estão pressionando", disse um diplomata ocidental de alto escalão. Vários outros diplomatas confirmaram essas declarações, dizendo que as propostas russas, aparentemente benéficas para Assad - importante aliado de Moscou no Oriente Médio -, seriam inaceitáveis e diluiriam a mensagem da resolução.
Em 4 de fevereiro, a Rússia e a China se uniram para vetar no Conselho de Segurança uma resolução em termos semelhantes. Ao contrário do que ocorre no Conselho, na Assembleia Geral nenhum país tem poder de veto, mas em compensação suas decisões não têm valor jurídico vinculante, apenas simbólico.
Diplomatas preveem que a resolução, apresentada pelo Egito, será aprovada pela ampla maioria dos 193 países da Assembleia Geral, o que irá também ressaltar o virtual isolamento da Rússia e da China no apoio a Assad, que há 11 meses reprime com violência uma rebelião popular.
"Se houver uma votação esmagadora na Assembleia Geral, ela irá mostrar que Rússia e China estão isoladas, ainda mais do que estavam no Conselho de Segurança", disse o diplomata de alto escalão. Entre os 15 países do Conselho, só Rússia e China se opuseram à resolução.
A votação na Assembleia Geral está marcada em princípio para quinta-feira às 15h (18h em Brasília). O texto expressa "apoio total" a uma proposta apresentada no mês passado pela Liga Árabe, que prevê o fim imediato das operações militares nas cidades sírias, entre outros pontos. Uma novidade em relação ao texto votado no Conselho é o pedido para que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nomeie um enviado especial para a Síria.
As emendas russas, às quais a Reuters teve acesso, sugerem termos que imputariam uma igual responsabilidade ao governo e à oposição pela onda de violência, além de propor que as tropas governamentais só deveriam desocupar as cidades se antes os rebeldes pararem de lutar.
"Eles estão tentando dar ao regime um pretexto para continuar a violência contra os manifestantes civis", disse o primeiro diplomata.
A Rússia havia proposto emendas semelhantes na proposta que foi votada no Conselho, mas delegações árabes e ocidentais preferiram levar o texto a votação sem essas alterações.
Diplomatas disseram que cerca de 60 países já se incluiriam como patrocinadores da resolução da Assembleia. Em dezembro, uma resolução condenando a repressão na Síria foi aprovada por 133 votos a favor, 11 contra e 43 abstenções. Fontes diplomáticas disseram que o número de votos favoráveis deve ser maior desta vez.
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