O tempo seco da última semana favoreceu os trabalhos de colheita de soja nas principais regiões produtoras do Brasil
Seca ajuda colheita de soja, mas deve causar mais perdas
O tempo seco da última semana favoreceu os trabalhos de colheita de soja nas principais regiões produtoras do Brasil, mas o volume insuficiente de chuvas para as lavouras ainda em desenvolvimento no Rio Grande do Sul deve causar mais perdas, avaliou a consultoria AgRural nesta segunda-feira (13).
"Com certeza vamos reduzir a estimativa para o Rio Grande do Sul. O Estado ainda estava com uma produtividade relativamente alta, de 40 sacas por hectare, na nossa estimativa de janeiro, porque se ainda chovesse a safra do Rio Grande do Sul poderia ser razoável. Mas não ocorreu, então deve haver mais queda", disse a analista Daniele Siqueira em entrevista.
Ela lembrou que, normalmente, o Rio Grande do Sul já colhe menos do que os outros grandes produtores. Mas no ano passado a produtividade foi das melhores, atingindo 47 sacas/hectare. "Como eles (em algumas áreas) não tiveram chuvas, tiveram chuvas irregulares, em volume inadequado, vai ter redução mesmo", disse.
O Rio Grande do Sul, terceiro produtor de soja do Brasil, está com a safra estimada em 9,8 milhões de toneladas, de acordo com números de janeiro da AgRural, ante um recorde de 11,6 milhões de toneladas na temporada passada.
O governo do Rio Grande do Sul trabalha com um cenário de 8 milhões de toneladas. A consultoria não indicou o quanto a safra gaúcha poderá cair na nova estimativa.
Embora a previsão para o Rio Grande do Sul da AgRural seja maior do que a apontada pelo governo, a consultoria tem desde o início da safra 2011/12 uma das previsões mais baixas para a produção brasileira entre os analistas privados, já considerando a possibilidade de perdas para o Sul em um ano de La Niña, quando as precipitações tendem a ser insuficientes e escassas na região meridional do país.
A produção de soja esperada pela AgRural, de acordo com levantamento de janeiro, é de 70,2 milhões de toneladas, ante um recorde de 75,3 milhões para o ano anterior. O Brasil é o segundo produtor global da oleaginosa.
O Paraná também sofreu os efeitos do fenômeno La Niña, liderando as perdas registradas nesta safra até o momento, mas a AgRural avalia que uma nova redução para o Paraná, se ocorrer, não deverá ser tão drástica. A consultoria aponta uma produção de 12,7 milhões de toneladas para os paranaenses, ante recorde de 15,4 milhões na safra passada.
A previsão é de que o tempo continue predominantemente seco no Sul do Brasil durante a semana, com as chuvas voltando ao Rio Grande do Sul somente no Carnaval, de acordo com a Somar Meteorologia.
Por outro lado, a AgRural destacou que em outras regiões produtoras do Brasil o desenvolvimento da safra é bom, especialmente em Goiás, quarto Estado produtor de soja.
"Goiás está indo bem, acima do esperado. Em Mato Grosso (principal produtor), a produtividade está normal, ou seja, vai ter uma boa safra", acrescentou ela, lembrando que o desenvolvimento da safra no Nordeste também é bom.
Com o tempo seco, as máquinas puderam entrar nas lavouras para colher. Segundo a AgRural, 11 por cento da área brasileira de soja estava colhida até a última sexta-feira, ante 6 por cento na semana anterior, 5 por cento há um ano e 8 por cento na média de cinco anos.
COMERCIALIZAÇÃO, MILHO
Outra consultoria, a Céleres, também aponta que a colheita está adiantada na comparação com o ano passado e ante a média histórica.
Segundo a Céleres, a comercialização de soja 2011/12 segue avançada, com os produtores tendo comercializado 51 por cento da produção esperada, ante 42 por cento da média histórica para esta época. O avanço ante a semana anterior, no entanto, foi de somente 1 ponto percentual.
Com as vendas adiantadas, o foco dos produtores agora se volta para o plantio de segunda safra de milho.
"Até a última sexta-feira, cerca de 27 por cento da área com o cereal já havia sido plantada, reportando uma evolução semanal de 19,1 pontos percentuais", observou a Céleres, notando que o Mato Grosso já plantou quase metade do total previsto com milho segunda safra.
Ainda segundo a Céleres a colheita do milho primeira safra no Brasil atingiu 10,2 por cento da área, 3,6 pontos percentuais à frente da mesma época do ano passado.
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