Célio e Hércules mataram dois aliados do bicheiro que "descumpria ordens"
Ex-PMs vão a Júri por assassinatos sob encomenda
A Justiça marcou para o dia 13 de março, a partir das 8 horas, o julgamento dos ex-PMs Hércules Araújo Agostinho e Celio Alves de Souza, que ficaram conhecidos como pistoleiros a serviço do ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso, João Arcando Ribeiro.
Os dois vão sentar-se no banco dos réus do Tribunal do Júri da Comarca de Cuiabá pelo assassinato de Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy, e pela tentativa de assassinato de Gisleno Fernandes. O julgamento foi marcado na última sexta-feira.
O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que foi pronunciado (denunciado formalmente) como mandante da dupla execução, entrou com recurso e o processo será desmembrado.
Nesse duplo homicídio também aparecia como réu, na condição de contratante dos assassinos, o coronel aposentado da Polícia Militar, Frederico Carlos Lepesteur. Ele morreu vítima de câncer em setembro de 2007, cinco anos depois dos assassinatos.
De acordo com o relatório do Ministério Público, Rivelino Jacques Brunini, concessionário dos caça-níqueis de João Arcanjo, começava a descumprir ordens expressas do chefe da organização, implantando novas máquinas, sem permissão do então bicheiro.
O ex-cabo Hércules, relata o juiz Lídio Modesto na pronúncia do bicheiro, confessou que ele e Célio Alves receberiam a importância de R$ 20 mil.
Jaudy e Brunini foram mortos no dia 6 de junho de 2002, por volta das 15 horas, na Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a poucos metros da sede da Polícia Federal.
Ambos estavam em uma oficina mecânica, quando foram surpreendidos pelos ex-policiais militares. Hércules estaria em uma moto pilotada pelo ex-soldado Célio e usava uma pistola 9mm.
Brunini foi atingido por sete tiros e teve morte instantânea. Jaudy morreu em seguida, enquanto Gisleno, que sobreviveu, teria sido atingido apenas porque estava próximo dos dois alvos dos ex-PMs.
O inquérito tramitou pela Justiça Federal, mas a defesa dos militares entrou com recurso no Tribunal Regional Federal, alegando que o crime não poderia estar na esfera federal.
O inquérito, então, foi devolvido para o Fórum Criminal da Capital, que aproveitou todas as audiências, ficando apenas a parte das alegações finais.
Célio e Hércules estão presos numa penitenciária de segurança máxima, em Porto Velho (RO), e a chegada deles para o julgamento deverá mobilizar dezenas de agentes federais.
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