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Domingo - 12 de Fevereiro de 2012 às 00:40

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Mais de 50 pessoas, entre elas crianças, mulheres, doentes e idosos, distribuídas em poltronas desconfortáveis, com muito pouco espaço entre uma e outra, passaram uma noite de verdadeiro terror e desrespeito humano, dentro do ônibus da empresa Real Norte, que saiu de Juara às 20 horas de sexta-feira (11). 

Cerca de 15 passageiros são de Juara e tomaram o ônibus para Sinop juntos com os demais, pelos mais diversos motivos, tratamento de saúde, compras, viagens para outras cidades e negócios, porem, todos tiveram de suportar uma viagem das mais sofridas possíveis.

 

Para começar a viagem, logo na saída já se ouvia funcionários da empresa dizendo que era preciso torcer para que o veículo não quebrasse no caminho e foi exatamente o que aconteceu.

 

Um percurso de 300 km, que não deveria demorar mais do que 05 horas, acabou durando quase o dobro do tempo, devido, as péssimas condições da estrada e do ônibus, que não tem ar condicionado, nem banheiro a bordo. O tratamento é dos mais pífios possíveis, se quer um copo de água mineral para servir aos passageiros, numa viagem relativamente curta, mas demorada, e sem a menor estrutura de beira de estrada para comprar um copo de água para matar a sede de uma criança ou de um doente.

 

Para não fugir a regra, um ônibus habituado a quebrar e largar todos pelo meio do caminho, segundo passageiros que viajam constantemente na linha, e, ainda por cima, quando chove molha a todos que estão no seu interior.

 

Logo que saiu do asfalto e entrou na estrada MT 220, no trecho não asfaltado, já deu para perceber o que esperava pelos passageiros, sem conforto e suportando o barulho de vidro e carroceria batendo, mais parecendo uma escola de samba ou o Clube dos Horrores.

 

Não durou muito e o primeiro problema apareceu, uma mangueira de ar se rompeu e o veículo começou ficar sem direção, embreagem e freio, que são todos movidos a ar comprimido, segundo os entendidos.

 

O motorista precisava parar funcionando o motor em alta rotação para repor o ar perdido e poder continuar por mais alguns quilômetros. O problema foi se agravando e o carro foi ficando cada vez mais indirigível. O experiente condutor foi a salvação dos passageiros, que assumiu o risco de seguir em frente com um carro sem as menores condições, para evitar de parar no meio do nada, sem socorro nenhum.

 

Para não ficar sem freio e manter a produção de ar comprimido pelos compressores do veículo, o motorista começou usar apenas a terceira marcha, evitando assim as frenagens e uso da embreagem, mantendo a aceleração em alta para ter um pouco de comando sobre o ônibus.

 

Em seguida o carro ficou completamente sem direção, e, segundo o motorista, só era possível guiar por que a estrada é de chão e bastante esburacadas, o que propiciava o movimento das rodas, que mexiam o volante, e, com muito sacrifício e andando devagar, era possível mantê-lo na estrada.

 

Como se não bastasse a falta de socorro, pois não há telefone e nem sinal de celular na rodovia, ao chegar em Americana do Norte, o motorista foi até um Telefone Público e tentou ligar a cobrar para a garagem em Sinop pedindo socorro.

 

Pasmem senhores, mesmo sabendo que havia dois ônibus da empresa no trajeto, ninguém atendia ao telefone por ser ligação a cobrar e nem retornava para ver o que estava acontecendo, pois certamente tem identificador de chamadas e sabia que o número era de Americana do Norte.

 

Foi necessário um passageiro ligar a cobrar para seu pai em Juara e pedir para que ligasse em Sinop na garagem, informando que era o motorista que estava ligando e pedir para que retornassem a ligação, pois ele precisava de socorro.

 

Feito isso, o plantonista atendeu e prometeu mandar um ônibus em condições de trazer os passageiros ate o seu destino final. Mesmo assim, aproveitando a ajuda dos buracos, o motorista continuou por mais 35 km ate chegar ao asfalto, onde teve de parar e esperar pelo socorrista, já que na estrada pavimentada não tendo buracos, a direção não obedecia.

 

Quase 10 horas depois de sair de Juara, todos conseguiram chegar a Sinop, porem, muitos perderam conexão para outras cidades ou ficaram sem carona para ir pra casa, por que, quem os esperava desanimou e foi embora, sem contar com outros prejuízos.

 

Essa é a vida de quem mora em Juara, de ônibus ou carro particular, nas condições em que as estradas se encontram é quase impossível transpor esse trajeto ate Sinop, mas, para quem depende de transporte coletivo, onde o desrespeito é ainda maior, acontece o que aconteceu, todos vivendo uma noite de terror e tortura, sem que ninguém, pelo menos peça desculpas.






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